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MINISTRO DE LULA USAVA ASSESSOR PARA TRABALHAR DE MOTORISTA EM FAZENDAS DA FAMÍLIA

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ENTREVISTA

Tácio Lorran, Vinícius Valfré, Julia Affonso e Daniel Weterman
Estadão

Waldênor Alves Catarino esteve lotado no gabinete de Juscelino Filho na Câmara por sete anos. Entre 2015 e 2022, apesar de receber salário como secretário parlamentar, admite que nunca exerceu a função. Seu trabalho era em outro local: nas fazendas de Roberth Bringel, tio do ministro das Comunicações. O Estadão conversou com o ex-funcionário, que contou detalhes da sua rotina e revelou que raramente falou com Juscelino, que deveria ser seu chefe.

Como era o trabalho do senhor para Juscelino Filho?
Era assim, ó: eu era lotado aí na Câmara Federal e trabalhava aqui para o tio dele na fazenda.

O que o senhor fazia na fazenda?
Eu fazia tudo, trabalhava num caminhão. Levava óleo para trator, instalando estaca na fazenda, fazia tudo…

Quem era o tio do ministro para quem o senhor trabalhava?
Roberth Bringel. Ele foi senador na vaga do Weverton (Rocha, amigo e compadre de Juscelino Filho).

O senhor trabalhou lá por quanto tempo?
Eu trabalhei lá 9 anos.

E lotado na Câmara?
Era.

Mas para o Juscelino o senhor nunca fez nada?
Para o Juscelino, só algumas vezes que ele chegava aqui… uma vez busquei ele no aeroporto, só isso mesmo.

Não fazia obrigações na Câmara?
Não, nunca fiz não.

Qual é a profissão do senhor?
Lá na Câmara eu era secretário parlamentar, parece, alguma coisa assim. Mas aqui eu era motorista do Bringel.

O senhor ainda trabalha com ele?
Não, trabalho mais não.

O senhor recebia direitinho?
O salário eu recebia, todo mês eu recebia.

Era quanto?
Não tô lembrado agora, eram uns R$ 2 mil e um pouco.

O senhor já veio a Brasília alguma vez? 
Não, nunca fui aí não.

Hoje, o senhor reside em Santa Inês (MA)?
Moro. estou trabalhando, sou motorista aqui numa empresa.

Por que o Juscelino demitiu o senhor?
Eu não sei direito. Eu pretendia ter continuado, mas eu tive um problema com o tio dele. O Juscelino mesmo nunca me procurou. Se eu for dizer as vezes que eu falei com Juscelino foi pouco.

O senhor teve um problema com o tio dele?Tive. Foi problema de serviço.

Problema de quê?
O serviço era muito puxado. Eu tinha que levantar todos os dias 5 da manhã, não tinha horário para parar. Chegava 22 horas, 23 horas em casa. Às vezes quando o carro dava problema ele se zangava, ele é muito zangado. Eu vim empurrando por 9 anos, aí um dia não deu mais certo.

Pode detalhar como era o serviço?
Acordava cedo e ia levar óleo para trator. Depois era arame, comprava arame e todas as coisas de fazenda. Deixava vaqueiro na fazenda, ia buscar.

O senhor trabalhava sozinho?
No caminhão, só. Mas tinha outro motorista que trabalhava para ele também.

Qual era o nome da fazenda em que o senhor trabalhava?
Rapaz, tem a Fazenda São Luís… são umas cinco fazendas. Eu prestava serviço para todas.

Como era a escala do senhor?
Era a semana toda, e sábado até meio dia.

E no domingo?
Às vezes eu descansava.

O senhor não achava errado estar na Câmara e trabalhar para o Bringel?
Achava. Quando eu comecei a trabalhar já comecei assim. Aí pronto…

É com gente desse tipo que Lula adora governar.

TEM MAIS SOBRE O ASSUNTO:

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, contratou com dinheiro público o “faz-tudo” de fazendas de sua família localizadas no interior do Maranhão. O motorista Waldenôr Alves Catarino passou quase uma década realizando serviços nas propriedades enquanto era pago pela Câmara dos Deputados. Em entrevista ao Estadão, o homem de 57 anos afirmou que foi contratado por Juscelino como assessor parlamentar, mas nunca trabalhou na função. Seu local de trabalho, disse, eram as terras do ex-senador e ex-prefeito de Santa Inês Roberth Bringel, tio do ministro.

“Era assim, ó: eu era lotado aí na Câmara Federal e trabalhava aqui para o tio dele (de Juscelino) na fazenda”, afirmou Catarino. “Eu fazia tudo, trabalhava num caminhão. Levava óleo para trator, instalando estaca na fazenda, fazia tudo…”, disse ele.

Catarino foi nomeado como secretário parlamentar no gabinete de Juscelino logo no início de seu mandato como deputado, em outubro de 2015. A contratação irregular chegou ao fim em maio de 2022, um ano antes de Juscelino virar ministro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, porque o funcionário quis mudar de emprego. “O serviço era muito puxado. Tinha que levantar todos os dias 5 da manhã, não tinha horário para parar”, relatou.

SEM CONTATO

Durante os sete anos em que esteve nomeado na Câmara, o motorista disse que uma das únicas vezes em que fez algo para Juscelino foi buscá-lo certa vez no aeroporto. Afirmou ainda que nem sequer se comunicava com o então deputado, que, no papel, era seu chefe. “Se eu for dizer as vezes que eu falei com Juscelino, foi pouco.” O salário do motorista era de R$ 2,3 mil. Pelo período em que ficou na Casa, ganhou R$ 171,4 mil.

O caso de Catarino se junta a outros que indicam mau uso de dinheiro público por Juscelino, que hoje comanda uma pasta com orçamento de mais de R$ 3 bilhões. Na semana passada, reportagem mostrou que o piloto da aeronave e o gerente do haras de Juscelino são pagos até hoje com verba da Câmara. Eles estão lotados no gabinete do suplente do ministro, mas dão expediente nas propriedades de Juscelino.

Klennyo Ribeiro foi contratado em 2016 e recebe R$ 7,8 mil por mês. Lotado na Câmara, ele cuida do Parque & Haras Luanna, em Vitorino Freire (MA). Já Leumas Rendder Campos Figueiredo pilota o bimotor Piper PA-34-220T Seneca V, que Juscelino tem em parceria com um outro tio. Para isso, recebe R$ 10,2 mil. A Casa abriu uma apuração sobre a situação do piloto.

Estadão revelou também que Juscelino, já como ministro de Lula, recebeu diárias e usou avião da FAB para cumprir agenda particular em São Paulo, onde participou de leilões de cavalos de raça. O caso é investigado pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República. O deputado licenciado também usou dados falsos para justificar 23 dos 77 voos declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última campanha.

O tio de Juscelino para quem Catarino disse ter trabalhado por sete anos é Roberth Bringel, irmão da mãe do ministro. Bringel é suplente do senador Weverton (PDT-MA), aliado do titular das Comunicações. Sua mulher, Maria Vianey Bringel, também foi prefeita de Santa Inês.

Catarino não é o único caso de funcionário que esteve lotado no gabinete de Juscelino e que, ao mesmo tempo, trabalhou para a família Bringel. A reportagem apurou que Vanuza Silva Mendes atua como secretária de Roberth Bringel. Ela paga contas para o político.

Após diversas ligações não atendidas, a reportagem entrou em contato com a mulher via aplicativo de mensagens, e perguntou se falava com “Vanuza, secretária do senhor Roberth Bringel”. Ela disse que “sim”. Em seguida, apagou o mensagem. Questionada novamente, informou que não trabalha com o político. “Não tenho como te ajudar”, declarou.

Vanuza foi nomeada no gabinete de Juscelino em fevereiro de 2015 no cargo de secretária parlamentar. Ela ganha R$ 6.181,07 por mês. A Câmara já desembolsou R$ 801,9 mil com a funcionária.

Procurado, o ministro não havia respondido aos questionamentos até a noite desta segunda-feira, 10.

(Por Tácio Lorran, Vinícius Valfré, Julia Affonso e Daniel Weterman/AE)

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Um dia acordei para ‘jornalizar’ a vida com os meus leitores. Nesta época trabalhava no extinto jornal Tribuna do Ceará, de propriedade do saudoso empresário José Afonso Sancho. Daí me veio a ideia de criar o meu próprio site. O ponta pé inicial se deu com a criação do Caririnews, daí resolvi abolir este nome e torna-lo mais regional, foi então que surgiu O site “Caririeisso” e, desde lá, já se vão duas décadas. Bom saber que mesmo trabalhando para jornais famosos na época, não largava de lado o meu próprio meio de comunicação. Porém, em setembro de 2017 resolvi me dedicar apenas ao site “Caririeisso”, deixando de lado o jornal Diário do Nordeste, onde há sete anos escrevia uma coluna social…

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