Carlos Newton
A repórter Naira Trindade, de O Globo, revela que o corregedor da Câmara, Domingos Neto (PSD-CE), avisou a aliados que já concluiu seu parecer pela cassação do deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), seguindo a decisão do TSE, e quer apresentá-lo nesta terça-feira à Mesa Diretora.
A se confirmar a informação da jornalista, o destino de Dallagnol está traçado e “acabou chorare”, como dizia a cantora Bebel Gilberto quando pequenina, misturando o português com o espanhol na sua infância no México.
NÃO É IMPOSSÍVEL? – No domingo, Dallagnol compareceu a uma manifestação em Curitiba junto a apoiadores e deu mais uma choradinha. Com os olhos embargados, afirmou aos militantes que “não é impossível” reverter a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por sua cassação.
Realmente, não é impossível. Mas depende de fatores com alto grau de dificuldade. Com o parecer negativo do corregedor Domingos Neto (PSD-CE), que estaria coonestado as barbaridades jurídicas cometidas pelo TSE, a Mesa Diretora vai declarar cassado o mandato, porque o presidente Arthur Lira é desafeto de Dallagnol, que na Lava Jato tentou bloquear bens do deputado e do pai dele, hoje prefeito Benedito de Lira. Assim, estamos conversados na Câmara.
Só resta o recurso ao Supremo, que está nas mãos de Dias Toffoli, que também andou na mira da Lava Jato por receber mesada de R$ 100 mil de sua mulher, a advogado Roberta Maria Rangel, toda enrolada no Imposto de Renda. Assim, parodiando a Bíblia, é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que Toffoli se posicionar a favor de Dallagnol.
OPORTUNIDADE PERDIDA – É pena! Está na hora de o Legislativo dar um basta nas armações do Judiciário e pôr fim a essa ditadura do Supremo.
No processo contra Dallagnol, o TSE fez um contorcionismo jurídico ilegal, sem o menor fundamento, para justificar a cassação. A Mesa da Câmara deveria aproveitar a oportunidade para colocar as coisas em seus devidos lugares, devolvendo o mandato ao deputado paranaense.
Mas falta coragem e espírito público ao corregedor Domingos Neto, que está abaixando a cabeça e ratificando as ilegalidades do TSE, ao invés de proclamar que os tribunais têm de cumprir a lei, sem interpretá-la nem adaptá-la a propósitos pessoais e políticos.
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P.S. 1 – Assim, a vergonhosa cassação de Dallagnol está decidida. No ato público em Curitiba, ele desabafou: “Não quero viver em um país em que tem um corrupto na Presidência e quem combate a corrupção corre risco de ir para a cadeia. Não quero viver em um país em que um amigo do presidente é colocado no STF não por suas qualidades, mas por fidelidade. Em que pessoas de bem vão às ruas com medo de fazer o que é certo numa democracia, que é criticar decisões errôneas de governantes”.
P.S. 2 – Dallagnol não deve desistir do Brasil. Está apenas pagando pelos poucos erros que cometeu ao abrir a guarda na Lava Jato. Mas o tempo passa rápido. No ano que vem, pode se candidatar a vereador e ficar esperando as eleições de 2026, para voltar ao Congresso. O tempo não para, dizia Cazuza, um compositor verdadeiramente genial e que procurava uma ideologia para viver.
