Deu em O Tempo
Membro da equipe de transição do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e um dos cotados para o Ministério da Economia, o economista Persio Arida afirmou que a responsabilidade fiscal deve caminhar juntamente com a responsabilidade social. Arida, que é um dos pais do Plano Real, é um dos nomes mais ortodoxos do grupo formado pelo petista para tocar a área no período antes da posse.
A fala de Persio Arida, em evento do grupo empresarial Lide, em Nova York, vem dias depois de o mercado se assustar com um discurso em que Lula relativizou a importância da responsabilidade fiscal.
RESPOSTA A GILMAR – Persio Arida respondeu assim a a uma pergunta sobre o assunto feita pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF):
“A Lei de Responsabilidade Social é uma lei que teria metas, com planos a longo prazo e sistematizando indicadores. Uma lei que seria a “pari passu” com a nossa Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Nós vamos ter que trabalhar nos próximos quatro anos num novo esquema de responsabilidade fiscal, porque o teto de gastos termina em 2026. Temos hoje, o senhor (Gilmar Mendes) sabe melhor do que ninguém, uma sobreposição de regras orçamentárias enorme que precisa ser simplificada, mas em grandes linhas nós temos que evoluir para uma Lei de Responsabilidade Fiscal e uma Lei de Responsabilidade Social. Ambas têm que ir juntas”, disse, acrescentando:
“Se nós fizermos apenas a Lei de Responsabilidade Fiscal pode ter certeza que mais cedo ou mais tarde haverá uma tal grita da sociedade, uma tal pressão, uma tal indignação com a desigualdade que vai ser impossível sustentar a responsabilidade fiscal. Se nós tivermos só responsabilidade social a crise macroeconômica da dívida vai se sobrepor a toda outra consideração. Temos que ter as duas leis e avançar de forma equilibrada nesses dois caminhos”, afirmou Persio Arida.
INDICADORES E METAS – Arida afirmou que hoje há mais gastos com assistência social, mas sem redução da fome e da desigualdade. Por isso, considera importante a construção de indicadores e metas.
“Nós temos hoje um paradoxo para dar um exemplo. Estamos gastando muito mais hoje do que estávamos gastando no Bolsa Família inicialmente concebido, mesmo que trouxermos a valores reais aqueles valores iniciais. Claramente houve um aumento de gastos. A pergunta é: houve uma consequente diminuição da pobreza? Nós não sabemos responder. A impressão é que não”, disse, afirmando que não há medição sobre os 450 programas sociais atualmente existentes.
“Políticas sociais sem responsabilidade fiscal geram uma crise econômica que acaba por inviabilizá-las. Temos exemplos opostos também”, disse em outro momento. E também defendeu que haja abertura econômica brasileira e também que se faça uma reforma do Estado, com revisão de gastos e mudanças administrativas.
NOTA DA REDAÇÃO DO SITE – Em tradução simultânea, Pérsio Arida também está inventando uma tese para ser favorável ao arrombamento do teto de gastos. Na verdade, é um privatista de carteira assinada, defende justamente teses opostas ao petismo. Está embromando para ser nomeado ministro da Fazenda. Se isso acontecer, será a Piada do Ano e só faltará ele ganhar também o Prêmio Nobel de Economia com essa tese inventada.