
MARCOS PEIXOTO

Costumo me ater ao comportamento de alguns políticos que eram useiros e vezeiros de discursos inflamados contra adversários e que, no final das contas, sacaram que esse tipo de comportamento não constrói, ao contrário, destrói por completo as suas carreiras políticas.
Li e reli a biografia do grande jornalista Carlos Lacerda e confesso-lhes que me tornei até um admirador de sua bravura e sua astuta inteligência para peitar os adversários, principalmente o seu então grande adversário Getúlio Vargas que, por seu comportamento mais “relax” e dentro das quatro linhas do politicamente comportado, chegou a governar o nosso País por várias ocasiões. Era um senhor articulista político. Já Carlos Lacerda o máximo que chegou foi ao cargo de vereador pelo Rio de Janeiro, deputado federal por um mandato e governador pelo Estado da Guanabara quando este era uma unidade da federação. Mas pelejou para chegar à presidência da República e nunca conseguiu.

Ulisses Guimarães
Outro exemplo: Ulisses Guimarães que ficou conhecido por “Senhor Diretas”. Quando da luta pela redemocratização brasileira foi o ponta de lança nessa luta, peitou as baionetas dos militares, enfrentou com discursos fortes dentro da Câmara Federal a resistência dos militares e, por conseguinte, virou desafeto destes senhores. Antes de cederem por completo aos civis que clamavam pela redemocratização, os miliares exigiram que a eleição que poria fim ao regime militar teria ainda que ser através do Colégio Eleitoral. Candidataram-se à presidência naquele momento os entãos deputados federais Paulo Maluf e Ulisses Guimarães. Os militares vetaram Ulisses e deram as costas ao candidato Maluf que era do PDS, partido que apoiava o status quo. Optaram pelo nome do conciliador Tancredo Neves que ganhou, mas não levou, pois faleceu antes de assumir as rédeas do poder em nosso País. Findou assumindo a presidência o seu vice-presidente José Sarney e o restante dessa história vocês vão procurar nos livros que falam desse momento de nossa vida pública.
Mais um exemplo aqui vos dou que é o do falecido Iranildo Pereira. Só conseguiu ser deputado federal por uma vez, pois seu discurso afobado o empurrou para o escanteio político. Pelejou para voltar para a Câmara Baixa do País, mas não obteve sucesso. Por fim tentou a Assembleia legislativa e nada. Ficou nos últimos tempos de sua vida só assessorando políticos amigos, como é o caso do Roberto Pessoa que lhe deu a mão até o final da sua vida.

Para finalizar temos os exemplos da ex-deputada estadual, federal e prefeita de Fortaleza Maria Luiza Fontenele. Por seu discurso incendiário foi defenestrada da vida pública. Já Ciro Gomes está amargando esse ocaso político. Um cidadão inteligente e dono de um discurso igualmente fervoroso, está caminhando célere para o esquecimento político.
Esses exemplos aqui ofereci aos nossos leitores para bem desenhar o que faz de um homem um político de sucesso. Não adianta rasgar o verbo, escancarar o adversário político, pois o povo brasileiro adora a figura do político moderado, sagaz, inteligente e respeitador do adversário. Político com fama de incendiário leva o povo a ter uma sensação de que o cara é desequilibrado, doidivanas, despreparado para chegar a algum cargo público que tenha voz de comando. Portanto, fica aqui o ensinamento e, em sendo assim, estamos para lá de conversados. Sorry periferia!!!!
