Pedro do Coutto
As reportagens publicadas ontem pelo O Globo, Folha de S.Paulo e Estado de S. Paulo revelaram a profundidade através da qual o crime organizado está se infiltrando nas atividades tanto privadas quanto estatais. É o resultado de uma articulação entre as milícias e o esquema político formado até por parlamentares cujas bases eleitorais dependem em grande parte de ações definidas.
É o resultado também da legislação recente que permite a aquisição de armas por parte de quem não tem direito. O poder dos criminosos com isso é ampliado e os resultados estão aí no dia a dia dos centros urbanos com índices muito acima dos padrões. Os tiroteios nas comunidades se multiplicam e inocentes perdem a vida absurdamente enquanto o crime avança em sua proporção.
ILEGALIDADE – A revisão dos critérios para a aquisição de armas está surtindo efeito no atual governo, mas existe um acúmulo de armamentos que ainda precisa ser desmantelado, pois é por aí que se amplia o poder do tráfico, das milícias e dos todos os que atuam na ilegalidade, incluindo a extorsão e a imposição de presença.
Impressiona o silêncio das autoridades através dos últimos anos. Uma aceitação que decorre de do imundo produto do crime que produz bandidos na base de perspectiva de lucros em dinheiro. O governo federal, os governos estaduais e também as Câmaras de Vereadores devem se unir à Polícia Federal num esforço concentrado, uma vez que a situação é de emergência. Basta ver as mortes de adolescentes que ocorrem nas áreas onde tiroteios são frequentes.
CAMPANHA – A cada dia o problema se agrava em pontos urbanos cuja presença do crime é mais evidente e até mais transparente. É também essencial uma campanha publicitária contra o uso de drogas. A tarefa exige um prazo, mas isso não quer dizer que não deva ser colocada em prática imediatamente.
Aliás está sendo, mas é preciso que o cerco se aperte ainda mais contra as fontes de consumo e os avanços das extorsões para que as atividades ilícitas venham a cair. A sociedade não suporta mais o que está acontecendo e é preciso colocar-se um basta, pois caso contrário todos estarão sob ameaça.