Deu na Veja
Nos áudios, vazados de reportagem da revista Veja na noite desta quinta-feira, 21 de março, Cid acusou a PF de pressioná-lo a responder “coisa que eu não sei, que não aconteceu”.
“Eles [os policiais] queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu… Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”, afirmou o tenente-coronel em uma das mensagens.
NARRATIVA PRONTA – “Eu vou dizer o que eu senti: já estão com a narrativa pronta deles, é só fechar, e eles querem o máximo possível de gente para confirmar a narrativa deles. É isso que eles querem”, acrescentou em outro áudio.
A Veja não revelou o interlocutor de nenhuma das mensagens.
Em outra declaração, Cid atacou Moraes. “O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, disse o tenente coronel.
MORAES & BOLSONARO – A declaração mais concreta de Cid nos áudios vazados envolve um trecho de seu depoimento à PF que teria sido retirado do relatório da corporação e envolveria uma suposta reunião entre Moraes e Bolsonaro em uma casa do senador Ciro Nogueira (PP-PI).
“Para mostrar ao interlocutor que haveria uma filtragem das informações que são oficializadas pela PF, Cid fala de um suposto encontro entre o ministro e Jair Bolsonaro, que não ficou registrado nos seus depoimentos”, diz a reportagem.
No áudio em questão, Cid afirma: “Quando eu falei daquele encontro do Alexandre de Moraes com o presidente, eles [agentes da PF] ficaram desconcertados. Eu falei: ‘Quer que eu fale? Não vou botar no papel, porque vou me f*. Mas o presidente [Bolsonaro] se encontrou secretamente com Alexandre de Moraes na casa do Ciro Nogueira. E aí?’.”
UM MINUTO POR FAVOR: Essa denúncia de Cid compromete e desmoraliza o trabalho da Polícia Federal. Direcionar testemunho é crime de abuso de autoridade, sem a menor dúvida, com pena de um a quatro anos de detenção e multa. Não dá para entender e aceitar que esse tipo de pressão tenha havido em tão importante processo. É uma vergonha para todos os brasileiros. É assim que fazemos justiça neste país?