Carlos Newton
O Brasil inteiro e dezenas de outros países estarão acompanhando pela televisão e outros meios de comunicação, nesta sexta-feira, dia 28, a transmissão do debate entre os candidatos brasileiros à Presidência da República Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, cujas fichas nada limpas são de todos conhecidas.
O último confronto entre os presidenciáveis é uma iniciativa da Rede Globo de Televisão, uma das maiores e mais bem-sucedidas organizações de comunicação do mundo. Calcula-se que mais de 100 milhões de brasileiros assistirão ao debate, que será novamente mediado pelo editor-chefe e apresentador do “Jornal Nacional”, situação que representa demérito para a emissora.
EXPLICAÇÃO – É preciso fazer essa ressalva, porque há algumas semanas, por conta e risco próprios, ao entrevistar o candidato petista Lula da Silva e travestido de magistrado, o citado jornalista, de início, já tranquilizou o candidato expressando que Lula nada mais devia à Justiça.
Estaria, decerto, referindo-se aos processos a que o ex-presidente respondia na 13ª Vara Federal Criminal em Curitiba, onde ficou encarcerado por 580 dias, mas na condição de preso privilegiado por ter sido presidente da República entre 2003 e 2010. Seria prisão ou temporada de descanso , sem direito de ir e vir?
Por parte da emissora, depois dessa manifestação gratuita e parcial de Bonner, não houve nenhum desmentido, confirmando-se que o editor-chefe sabia muito bem o que estava insinuando e por isso não foi punido.
É ASSUNTO-TABU? – Por escorregões semelhantes, outros profissionais da emissora e também bem avaliados não tiveram a mesma sorte, dentro dos padrões de ética da organização, e foram sumariamente demitidos.
Nesse contexto, em qualquer outro órgão de imprensa, por cautela, substituir-se-ia o mediador neste último debate, pois um dos temas mais comentados na presente campanha eleitoral é exatamente a culpabilidade do candidato Lula por conta dos bilionários prejuízos arcados pela população brasileira em decorrência da corrupção e desvios de conduta praticados nos seus governos. Esse assunto não está enterrado e voltará à tona.
Por outro lado, não será nada cômodo para o jornalista Bonner, apresentar um debate em que os dois aspirantes ao Palácio do Planalto, ao se enfrentarem, por certo, se acusarão de enriquecimento ilícito, rachadinhas, petrolão e sonegação fiscal, um assunto que também deve incomodar e muito o editor-chefe e apresentador global.
PEJOTIZAÇÃO – A mídia tem noticiado que a Receita desenvolve intensa fiscalização contra emissoras de televisão e seus mais bem remunerados jornalistas, artistas e diretores, por irregularidades em contratos de trabalho, na chamada pejotização (uso de falsas empresas).
O âncora e editor-chefe Bonner foi um do que receberam autuação milionária e retroativa, da qual estaria recorrendo.
Para a Receita Federal, a pejotização é uma manobra para reduzir as alíquotas devidas e sonegar impostos. Em vez de pagarem 27,5% de Imposto de Renda sobre seus rendimentos na Globo como ocorre com pessoas físicas com salários mais altos, os profissionais “pejotizados” pagam alíquotas bem inferiores, como se fossem empresas, beneficiando-se também com redução de outros tributos.
P.S. – Na campanha de 2018, ao ser entrevistado no Jornal Nacional, o então candidato Jair Bolsonaro criticou os apresentadores por serem remunerados como empresas, para sonegar impostos, e o casal global ficou emparedado. De lá para cá, a Globo vem mudando o sistema de contratação, mas ainda há muitos pejotizados. Na matriz U.S.A., isso não funciona e sonegação dá cadeia, como ocorreu com o ator Wesley Snipes, mas aqui na filial Brazil ainda estamos na fase pré-Al Capone.