

Problemas à vista! – advertem os agropecuaristas, que pedem espaço aqui para chamar a atenção dos que dirigem organismos públicos dedicados à gestão das águas, como a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) e a Cogerh: em boa parte da região jaguaribana – incluindo os municípios de Alto Santo, Jaguaribe, Jaguaruana e Jaguaribara – não chove há 15 dias, como informa Cristiano Maia, que lá tem rebanhos de vacas leiteiras e de boi para corte; na Chapada do Apodi, o estio completou ontem 16 dias, como revela Raimundo Delfino Filho, que planta soja e algodão em sua fazenda Nova Agro.
Poderemos ter, então, uma seca verde neste 2025.
“Vamos ter problemas no segundo semestre, porque vai faltar pasto para o gado, a não ser que voltem as chuvas nesta semana, diz Cristino Maia, coçando a cabeça e olhando para o céu em busca de nuvens.
Como a agricultura do Ceará é quase toda de sequeiro, ou seja, dependente de 100% da água da chuva, e diante da falta dela, o prognóstico é de que só os perímetros irrigados – públicos e privados – terão assegurado uma boa safra neste ano. No que tange à pecuária, a previsão é de que, a partir de julho, somente as fazendas que tiverem estocado capim, sorgo e milho em silos de trincheira enfrentarão com êxito o restante do ano, pois terão como bem alimentar seus animais.
O que está dito acima parece contradizer o que na véspera aqui se disse – que há festa no Jaguaribe porque o segundo maior açude do Ceará, o Orós, tem possibilidade de verter nesta semana. A alegria é motivada pelo fato de que o excesso de água a ser registrado no Orós será transferido para o maior de todos os reservatórios do Estado – o Castanhão, que, 135 quilômetros à jusante, barrando o mesmo rio Jaguaribe, será recarregado.
E o que significa o vertimento do Orós e a recarga do Castanhão? Significa que o abastecimento d’água das cidades localizadas Jaguaribe abaixo estará garantido, assim como asseguradas estarão as atividades econômicas do Baixo Jaguaribe, em cuja geografia há importantes polos de agricultura irrigada, como o da Chapada do Apodi e o Tabuleiros de Russas. Essa irrigação, feita com água do Castanhão e do Orós, está caucionada neste e no ano de 2026 mesmo que não chova mais ao longo desse período.
Neste momento, a SRH do governo do Estado executa obras que dobrarão a capacidade do Eixão das Águas. Em um trecho de 32 quilômetros de sifões e canais que atravessam rios e rodovias entre o Castanhão e o Pacajus, os serviços avançam.
Essas obras incluem, também, a instalação de três grupos de motobombas restantes da estação de bombeamento, dos equipamentos hidromecânicos remanescentes dos canais (comportas de controle de vazão) e a instalação da segunda linha de tubulação em aço carbono. No próximo ano – um ano eleitoral – tudo estará concluído. E inaugurado.
Ramon Rodrigues, secretário Executivo da SRH, não deixa por menos e diz que a duplicação do Eixão das Águas garantirá a transferência de água entre as bacias, com o uso de águas do Rio São Francisco – “o que deixará a Região Metropolitana de Fortaleza e o Ceará bem amparados hidricamente frente às mudanças climáticas”.
No último dia 5 deste mês de abril, o governo do Ceará divulgou a seguinte informação, com base em dados da Funceme:
“O prognóstico climático para o trimestre que compreende os meses de abril, maio e junho de 2025 no Ceará, realizado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) indica que a maior probabilidade é de que o estado registre chuvas dentro da média histórica no período, segundo os resultados obtidos a partir de modelos climáticos.
“De acordo com os dados, há 50% de probabilidade para a categoria em torno da normal, 25% para a categoria abaixo da normal, e 25% para a categoria acima do normal. Esses percentuais indicam um cenário de maior equilíbrio, com tendência para volumes de precipitação compatíveis com os padrões climatológicos do trimestre.
“A Funceme destaca que os modelos ainda apontam para uma alta variabilidade temporal e espacial das chuvas entre os meses de abril e maio. Isso significa que, mesmo com a expectativa de chuvas dentro da média, os eventos pluviométricos podem ocorrer de forma irregular, tanto no tempo quanto na distribuição geográfica.”
