

O município de Viçosa, localizado na Serra da Ibiapaba, alcançou um marco inédito no setor produtivo brasileiro ao liderar o número de estabelecimentos produtores de cachaça registrados no país. Segundo dados do Anuário da Cachaça 2025, divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), a cidade cearense agora conta com 25 cachaçarias oficialmente registradas, superando o tradicional polo mineiro de Salinas e respondendo por 53,2% dos estabelecimentos do segmento no estado do Ceará.
Esse avanço local se insere em um movimento mais amplo de crescimento da atividade no Ceará, que registrou o maior aumento absoluto do país no número de produtores. De 2023 para 2024, o estado saltou de 34 para 47 cachaçarias, o que representa uma expansão de 38,2%. Esse crescimento chama atenção dentro de um cenário nacional em que 12 unidades da federação permaneceram estáveis e apenas três registraram redução no número de estabelecimentos ativos.
Apesar da expressiva expansão nordestina, Minas Gerais ainda detém a maior concentração de cachaçarias do país, com 501 unidades, representando quase 40% do total nacional. No entanto, a queda de três estabelecimentos entre 2023 e 2024, mesmo que pequena, indica uma possível saturação ou necessidade de ajustes no setor mineiro, abrindo espaço para o avanço de estados emergentes como o Ceará.

A presença de Viçosa no topo da lista reflete uma tendência de descentralização da produção, tradicionalmente concentrada no Sudeste. Além de Viçosa, outras oito cidades brasileiras possuem 10 ou mais cachaçarias registradas, sendo a maioria ainda em Minas, mas com a inclusão de municípios de outras regiões, como Lamim (MG), que passou a integrar a lista em 2024. Essa pulverização territorial pode indicar um novo ciclo de diversificação regional no mercado da cachaça.
No recorte regional, o Nordeste foi responsável pelo maior crescimento absoluto, ganhando 20 novos estabelecimentos e atingindo 189 no total – um aumento de 11,8% em relação ao ano anterior. Em contrapartida, o Norte segue com o menor número de registros, somando apenas 12 cachaçarias, o que corresponde a pouco mais de 1% do total brasileiro. O Sudeste, por sua vez, ainda concentra 65,4% das unidades, com 828 estabelecimentos ativos.
