Marcos Peixoto-Caririeisso
O Brasil é mesmo anestesiado quando falamos de mau caratismo político. Criaram este tal de Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), mais conhecido como Fundo Eleitoral ou Fundão, que é um fundo público destinado ao financiamento de campanhas eleitorais de candidatos políticos estabelecido pela lei nº 13.487, de 6 de outubro de 2017, considerada uma minirreforma eleitoral, que de reforma não tem nada, somente mais uma maneira de se meter as mãos e os pés na grana pública.
Como no nosso País tudo vira uma zorra total, logo os políticos mais vivaltinos arranjaram mil e uma maneiras de desviar esses recursos e meter em seus bolsos sem o mínimo pudor. Criaram candidaturas laranjas para disputar os pleitos, ou seja, mulheres cujas tarefas seriam uma forma de a legenda pegar este dinheiro e desviar para empresas de pessoas ligadas aos diretórios estaduais das agremiações partidárias. Explicando melhor: candidatas mulheres foram cooptadas e receberam propostas para que se candidatassem e, durante a campanha, pagassem despesas eleitorais de outros candidatos, como uma forma de burlar o repasse de recursos do fundo eleitoral e beneficiar outras candidaturas.
Nesta última eleição existiram candidatos e candidatos, uns para valer e outros para laranja. Mas desta vez englobaram homens e mulheres com promessa de dinheiro fácil. Foi comum nestas eleições gerais você chegar em todas as cidades e encontrar vários vereadores e cabos eleitorais candidatos só de faixada, porque na realidade estavam servindo apenas de laranjas para os tubarões da política. Outros que não se prestam a este papel ridículo, mas toparam ser candidatos com o veredicto do partido aos quais pertenciam. Sabem o que aconteceu? A velha se mandou e o jacaré morreu, ou melhor explicando: os grandões que dominam esses fundos partidários a nível estadual, vejam muito bem, embolsaram toda a grana e deixaram todo o baixo clero político a ver navios. Por isso que temos muitos por ai entoando aquela canção de nosso pop roque brasileiro de autoria do Paralamas do Sucesso intitulada Melô do Marinheiro: “Entrei de gaiato no navio (oh)! Entrei, entrei, entrei pelo cano! Entrei de gaiato no navio (oh)! Entrei, entrei, entrei por engano…”
Aqui no Ceará e consequentemente em todas as cidades de nosso Estado, milhares de laranjas existiram e candidatos para valer foram cooptados e caíram na lábia dos alpinistas do poder. Hoje estão com a corda no pescoço. Foram incentivados a gastar dos seus que iriam ser ressarcidos pelo “Fundão” e até hoje necas de pitibiribas. Teve gente que vendeu carros, casas, cachorros, gatos, macacos e papagaios com a promessa de que a bufunfa cairia com certeza em suas contas, arre égua(!), antes mesmo da campanha chegar ao seu grand finale os homens começaram a roer a corda e ensaiaram mais uma malandragem para cima dos incautos aliados: “Continuem investindo que, mesmo que passe a eleição, a gente se compromete a saldar essas pendências com todos vocês.” Passou e hoje para encontrar esses espertalhões é uma tarefa mais difícil que encontrar uma agulha no palheiro ou enxergar orelha de freira juramentada, sim, porque hoje já existem algumas que abandonaram o “hábito” e circulam pelas ruas afora sem as suas vestimentas apropriadas.
Para encerrar este artigo, ofereço a todos os meus leitores e, em especial, aos candidatos ludibriados a música “Melô do Marinheiro”, como já disse acima, de autoria do grupo musical Paralamas do Sucesso: