Carlos Newton
Sabe-se que, no futebol moderno, é preciso que atacantes defendam e que zagueiros ataquem. Desde o início da Copa, já dava para ver que a seleção brasileira estava escalada para não perder. Ou seja, para não tomar gols e vencer numa falha dos adversários. Tite tenta jogar dessa forma, igual aos outros, e assim fica-se dependendo da sorte.
Quando a seleção atuava com Daniel Alves e Marcelo nas laterais, era mais fácil enfrentar retrancas. Mas desta vez Tite preferiu convocar laterais retranqueiros, à exceção de Daniel Alves, que só jogou contra Camarões e depois entrou no segundo tempo contra o time de universitários da Coreia do Sul.
BRASIL NA RETRANCA – O resultado já era esperado. O tricampeão Roberto Rivelino, hoje comentarista esportivo, até perdeu a paciência. Na visão do ex-jogador, o Brasil “taticamente não tem nada” e o treinador seria o principal culpado pelo baixo aproveitamento da equipe.
“O Tite engessa a nossa seleção. Taticamente é engessada, não tem nada. É um na direita, um na esquerda, e um no centro. Não tem nada. Ninguém se mexe”, disse Rivelino durante o programa “Resenha ESPN”.
Bem, realmente o que fizeram, em termos ofensivos, os laterais Danilo e o improvisado Militão? Quem se apresentou melhor foi Daniel Alves, apesar dos 39 anos. Mas e daí? Tite prefere defensores e não convocou Marcelo nem Rodinei, que é hoje o melhor lateral do país.
ENFRENTAR RETRANCAS – Aqui na Tribuna da Internet, chamamos atenção para o fato de todas as seleções jogarem na retranca contra o Brasil. A melhor maneira de superá-las é escalar laterais habilidosos e ter ao menos três dribladores na frente. Mas Tite não enxerga isso.
Para colocar em campo o driblador Rodrygo, no segundo tempo. tirou da equipe o também driblador Vini Jr., um jogador que pode decidir a partida a qualquer momento. E depois só escalou Antony quando ficou claro que Rafinha não funcionava, como não funcionou em nenhum jogo.
Todas as seleções que o Brasil enfrentou eram fracas, inclusive a Croácia, que nem chutava em gol. Alison poderia até ter trazido uma espreguiçadeira para se deitar. Mesmo assim, perdemos o jogo.
P.S. 1 – Saudades do João Saldanha. No dia em que foi escolhido para ser técnico da seleção, escalou logo o time e quem seria convocado. Eram as feras do Saldanha, no dizer de Nelson Rodrigues. Quando Saldanha saiu, por não aceitar imposições do governo militar, foi substituído por Zagalo, que manteve praticamente todos os escolhidos por Saldanha e assim o Brasil se apresentou no México com a melhor equipe da História do Futebol.
P.S. 2 – Nesta Copa agora, o mais hilário era ver Matheus, o filho de Tite, usando um tablet para passar instruções aos jogadores antes que entrassem em campo. Eu daria tudo para ver o que o jovem estava recomendando. E vida que segue, como dizia o inesquecível Saldanha.