TARCÍSIO ESTÁ CAINDO PELA “MEIA DIREIRA”, MAS NÃO ABANDONAR A EXTREMA

Marcos Augusto Gonçalves
Folha

Tarcísio tornou-se um político hábil, com poder de adaptação

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem se projetado como nome da direita no cenário político-eleitoral. À frente do estado mais pesado da União, está bem amparado pelo escolado Gilberto Kassab, secretário de Governo e vitorioso das eleições municipais.

Tarcísio. ex-ministro de Bolsonaro, que teve passagem pelos governos Dilma e Temer, tem se deslocado simbolicamente para a meia direita, mas não deixa de jogar pela extrema. Conhece a posição.

SEGURANÇA – Um dos sinais, entre outros, de que continua a trafegar sem embaraço por esse corredor é o desempenho da segurança pública.

Levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz para esta Folha traduz a atuação policial em números. Para dar uma panorâmica, basta dizer que nos primeiros oito meses deste ano, 441 pessoas foram mortas no estado por agentes das forças de segurança em serviço, contra 247 no ano passado no mesmo intervalo. Isso representa uma alta de 78%.

Não se trata aqui de minimizar os ataques do crime organizado contra policiais e a necessidade de resposta firme do estado –que, aliás, como todos os demais no Brasil, juntamente com o governo federal, não consegue deter as facções que dominam presídios e se infiltram cada vez mais nas instituições.

MUITOS MORTOS – O governador estreou no ano passado com a Operação Escudo, encerrada com 28 mortos. Uma outra investida, a Operação Verão, terminou em abril deste ano com saldo de 36 vítimas fatais.

A matança é cercada de justificadas suspeitas de abusos e pisoteamento da lei. Mas o que importa? Numa sociedade cindida pela desigualdade socioeconômica e racial, matar suspeitos que poderiam ser presos é considerado por muitos normal, se não desejável.

O Sou da Paz fez um recorte racial das vítimas que apontou seu viés antinegros. Nada de novo, na verdade. Não seria surpresa se nessa tragédia histórica gatilhos da polícia também tenham sido apertados por pretos e pardos. É dramático.

DIFERENÇAS SOCIAIS – Inimigo das câmeras corporais, adepto de escolas cívico-militares, martelador enérgico de leilões de privatização, Tarcísio é padrinho da candidatura do prefeito Ricardo Nunes, que alistou, por indicação do ex-capitão, um ex-policial da Rota para vice.

Mello Araújo já disse que a abordagem em bairros de classe média branca da capital tem de ser diferente daquela nas periferias.

Assisti faz pouco a série Cidade Deus, mais um spin off do grande filme. Por mais que se saiba e por mais que se trate de uma ficção é instrutiva a reconstituição da estupidez e da completa falta de racionalidade no modo como as pessoas negras e pobres são tratadas pela polícia, pelas assim chamadas autoridades de segurança, pelo poder instituído, pelo Estado.

SEM DISFARCES – A herança escravocrata está aí, viva, sem disfarces, sem nem sequer tentativa de disfarce.

Sim, isso não é apenas uma questão de governos de esquerda ou direita. São Paulo, contudo, ao longo de alguns períodos, foi capaz de implantar políticas públicas para tentar reduzir o padrão de barbárie, tornar a polícia mais técnica e ao menos levantar uma discussão sobre a segurança como serviço público universal prestado à sociedade.

Algum resultado foi obtido, como mostraram indicadores. A escalada sob Tarcísio revela o abandono dessas questões e a adoção da letalidade como método.

UM MINUTO POR FAVOR – Detalhe importante nessa questão. As estatísticas sobre violência policial são feitas de forma equivocada. Usam o sistema direto, com base no número de mortos. Para ser mais precisa, a estatística deveria correlacionar o número de operações. Se a polícia passou a fazer maior número de operações, é certo que o total de vítimas aumentará. Portanto, a estatística correta, que nunca foi feita, deveria ser baseada em “mortos por operação”. 

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Um dia acordei para ‘jornalizar’ a vida com os meus leitores. Nesta época trabalhava no extinto jornal Tribuna do Ceará, de propriedade do saudoso empresário José Afonso Sancho. Daí me veio a ideia de criar o meu próprio site. O ponta pé inicial se deu com a criação do Caririnews, daí resolvi abolir este nome e torna-lo mais regional, foi então que surgiu O site “Caririeisso” e, desde lá, já se vão duas décadas. Bom saber que mesmo trabalhando para jornais famosos na época, não largava de lado o meu próprio meio de comunicação. Porém, em setembro de 2017 resolvi me dedicar apenas ao site “Caririeisso”, deixando de lado o jornal Diário do Nordeste, onde há sete anos escrevia uma coluna social…

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