Carlos Newton
Às vésperas do segundo turno, que vai se realizar dia 27, exatamente quando Lula da Silva completa 79 anos, os resultados previstos não podem ser considerados nenhum presente de aniversário, muito pelo contrário. As perspectivas são de que pode nem haver motivos para comemorar.
Das prefeituras das capitais ainda em disputa, o PT tem chances em Fortaleza, onde as cinco pesquisas indicam empate técnico, mas com pequena vantagem para André Fernandes (PL) sobre 45% Evandro Leitão (PT), dentro da margem de erro. Em Cuiabá, idêntica situação, com Abilio Brunini (PL) à frente de: Lúdio Cabral (PT), mas empatados na margem de erro.
MUITO POUCO – Quando um presidente da República consegue fazer apenas dois prefeitos de capital, arriscando-se a não eleger nenhum deles, é sinal de que há alguma coisa muito errada no Palácio do Planalto, em sua conexão com o eleitoraso.
Esperava-se que prevalecesse a tal polarização entre Lula da Silva e Jair Bolsonaro, mas não está ocorrendo exatamente isso. Pode-se argumentar que, como se trata de eleição municipal, a situação muda de figura.
É certo que isso aconteça, porém jamais atingindo o descolamento que está se verificando. Nas 27 grandes cidades que terão segundo turno, o PT não lidera em nenhuma delas…
É UM SINAL – Não há dúvida de que se trata de um sinal de que a polarização está perdendo influência. E o fato concreto é que está havendo uma migração da esquerda para o centro. Mas por que isso estaria acontecendo?
Uma das causas é que muitos eleitores não aceitam a esculhambação que caracteriza o funcionamento dos Três Poderes no Brasil, onde o Executivo governa mal, o Congresso legisla péssimo e o Supremo julga porcamente.
É certo também que a grande parte da classe média, que sempre contribuiu expressivamente para fortalecer a esquerda, está decepcionada com os resultados pífios dessa Era do PT.
ANTIPETISMO – O resultado dessa situação óbvia que se descortina perante os brasileiros é o progressivo fortalecimento de um sentimento antipetista. Isso não significa que esses eleitores estejam abandonando a esquerda, mas indica claramente que estão cansados da corrupção, das mordomias, dos penduricalhos e da perseguição à liberdade de expressão nas redes sociais, um desafio que atinge o mundo inteiro, sem que nenhum país até agora tenha conseguido solucionar a questão, salvo as ditaduras, que proíbem tudo, e estamos conversados.
É nesse clima que caminhamos para o segundo turno, com a polarização tão desgastada e desmoralizada quanto os dois líderes que se julgam (ou julgavam) senhores do nosso destino.
P.S. – Detalhe importante: a derrocada petista não demonstra que a maioria dos eleitores esteja disposta a trazer Bolsonaro de volta ao poder. Sinceramente, polarizar entre dois políticos desclassificados como Lula da Silva e Jair Bolsonaro significa tentar escolher o menos ruim, e isso não é saudável para nenhuma democracia.