
Josias de Souza
do UOL

O Supremo Tribunal Federal inicia nesta terça-feira o julgamento do trecho da denúncia da Procuradoria-Geral da República que inclui dois documentos que são as cerejas do bololô golpista. Vão ao banco dos réus mais seis pessoas. Entre elas o ex-assessor presidencial Filipe Martins, acusado de elaborar a minuta de decreto que anularia o resultado da eleição; e o general Mário Fernandes, autor do plano Punhal Verde Amarelo, que previa matar o Jeca (Lula), o Juca (Alckmin) e o Joca (Xandão).
Os acusados tentam se desvincular dos documentos sem negar a existência deles.
DIZEM AS DEFESAS – Colocado na cena da delinquência pelo delator Mauro Cid, Filipe Martins assegura que não redigiu a minuta que daria hipotético suporte jurídico ao golpe. Quanto ao plano do triplo homicídio, estava num computador do general Mário Fernandes. Mas sua defesa sustenta que o documento não foi exibido a ninguém.
A Polícia Federal descobriu que, na manhã de 9 de novembro de 2022, o general Fernandes imprimiu o seu plano. Na tarde do mesmo dia, ele esteve no Alvorada.
Apresentou o documento a Bolsonaro, que, segundo o procurador-geral, deu o seu aval. Ou, na expressão de Paulo Gonet, “anuiu”. Bolsonaro nega. Ele atribui o plano Punhal Verde Amarelo a gente “que tem minhoca na cabeça.”
GOLPISTA RECREATIVO – Prevalecendo as versões da defesa do general e de Bolsonaro, o general Mário Fernandes desceria ao verbete da enciclopédia como uma espécie de golpista recreativo —do tipo que planeja a morte de um presidente da República eleito, do vice-presidente e de um chefe da Justiça Eleitoral por mera diversão. Coisa jamais vista na história.
E Jair Bolsonaro, nos quatro anos de sua Presidência, não conseguiu arrancar do Congresso o voto impresso. Mas tornou-se protagonista de uma trama enfeitada com documentos impressos e auditáveis.
