Carlos Newton
Está difícil trabalhar em meio a essa radicalização e a multiplicação de robôs, androides, replicantes, autômatos e humanoides que invadem a internet, uma chatice. A radicalização e o fanatismo espalham incoerências, factoides, narrativas e teorias conspiratórias de todos os tipos.
O precioso espaço ocupado pela polarização limita o debate intelectual, a troca de ideias e a discussão de outros importantes temas, como se a disputa entre dois políticos de baixo gabarito fosse a única coisa capaz de despertar interesse comum. E o pior são as pesquisas, que indicam a existência de um país dividido.
DIZEM OS NÚMEROS – As pesquisas indicam que cerca de 30% dos brasileiros são admiradores incondicionais de Lula da Silva. Não se importam com o passado dele, um falso sindicalista que servia de informante ao regime militar e virou político, enriqueceu ilicitamente com sua família e se emporcalhou todo na corrupção. Nada disso interessa a seus seguidores.
Outros 30% se comportam da mesma forma em relação a Bolsonaro. São fanáticos que também não ligam para o passado dele, um falso militar que se insurgiu contra seus superiores, virou político e também enriqueceu ilicitamente, junto com toda a família, como se ele e Lula fossem duas faces da mesma moeda falsificada.
Sobram aproximadamente 40% de brasileiros que não suportam Lula ou Bolsonaro, desprezam tanto um quanto o outro, ou não se interessam por política.
POR QUE ISSO? – Essa dualidade é fruto da decepção com os governos de Lula e Dilma, pois Bolsonaro surgiu como uma resposta da sociedade, ao proclamar que preferia qualquer um, desde que não fosse petista.
Bolsonaro foi outra decepção, porém soube conquistar seguidores. Suas paradas nos cercadinhos, as várias entrevistas diárias, o pastel com caldo de cana, as cavalgadas, as motociatas, o linguajar primário, tudo isso montou a imagem de um líder simples e acessível, gente como a gente.
O resultado é representado por esses 30% para lá e 30% para cá, dividindo o país, porque são 60% atuantes e sobram 40% que continuam apáticos, em meio à polarização.
MELHOR ESPERAR – Não adianta mudar de país, é melhor esperar. Nas próximas eleições, em 2026, não teremos mais Bolsonaro, por estar inelegível, e Lula dificilmente será candidato, por estar com a validade praticamente vencida.
Mas aí começam esses julgamentos tenebrosos na fábrica de terroristas, com condenações irracionais e injustas, algo nunca visto, sem individualização dos réus e com acusações genéricas, sem provas materiais, um festival de irregularidades e erros judiciários. Não são julgamentos, é muito pior, são trucidamentos.
E agora fala-se em prender Bolsonaro pelo golpe que não conseguiu dar. Ora, quando se necessita aliviar a pressão e diminuir o fanatismo, a possível prisão de Bolsonaro somente iria agravar a situação, sem a menor dúvida. Mas quem se interessa?
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P.S. 1 – Getúlio Vargas não se vingou dos comunistas que tentaram derrubá-lo; Juscelino Kubitschek perdoou os rebeldes de Jacareacanga e Aragarças; os torturadores e assassinos de 1964 tiveram uma anistia ampla, geral e irrestrita; os sem-terra invadiram e vandalizaram a Câmara, ninguém foi preso nem processado. Mas os idiotas que invadiram a Praça dos Três Poderes estão pegando 17 anos, em julgamentos falsamente individualizados, sem provas materiais e sob acusações genéricas, absolutamente infundadas.
P.S. 2 – E agora querem prender Bolsonaro, sem sequer existir processo, para colocar ainda mais lenha na fogueira. Desculpem, mas não dou força a radicalizações, acho que o país não precisa disso, muito pelo contrário.