POLÍTICA NAS TERRAS ROMEIRAS COSTUMA ILUMINAR UNS E OFUSCAR O BRILHO DE OUTROS

Política é uma atividade que para uns surge com a forma de um meteoro, o jogo do poder chega em suas mãos às vezes mais cedo do que imaginava. Esses geralmente procuram a porta de entrada que os conduza para a bendita cobertura do poder que oferece muito mais tranquilidade. Já os mais encorajados, estes sim, topam entrar nesta seara em campo oposto ao poder de plantão a nível estadual e municipal, dai que costumam penar bastante para chegar ao objeto do desejo. Alguns tentam chegar buscando a chancela do Poder Estadual já ocupado por outras forças que ali já se encontravam alojadas, dai que se torna algo muito difícil de se fazer acontecer. Foi o caso do grande Gilmar Bender, empresário bem sucedido em Juazeiro do Norte, um homem reconhecidamente dono de posses materiais alargadas, que um certo dia pensou lá com os seus botões: “Já tenho a força financeira, por que não buscar agora a força política de minha cidade?” Buscou então uma brecha que lhe permitisse acesso aos poderosos de plantão, no caso os donos da peteca a nível estadual que eram os hermanos Ferreira Gomes. O homem escolhido para essa tarefa foi o deputado federal André Figueiredo, figura muito próximo de Ciro e Cid Gomes, do mesmo partido, o PDT da ala histórica, que o conduziu para esse destino. Dai em diante teve início o arcabouço político da entrada de Gilmar Bender num território já dominado na cidade romeira pelo deputado federal Arnon Bezerra, Raimundo Macedo, Giovanni Sampaio e Manoel Santana.

INÍCIO DA VIAGEM

Gilmar Bender e Cid Gomes

Começava então a viagem de Bender pelo mundo político maior. André Figueiredo conseguiu uma boa solução que, no fundo, conseguiu abrir espaço para a entrada do empresário gaúcho/romeiro no campo político da situação estadual: o então governador Camilo Santana tinha na cidade de Juazeiro do Norte dois candidatos para chamar de seu: Gilmar Bender que o PT indicou para a sua vice a pessoa de Gabriel Santana, filho do ex-prefeito petista Manoel Santana. O prefeito titular da época era Raimundo Macedo que inicialmente se dispôs a ser candidato a reeleição, mas acabou desistindo por não encontrar espaço nesta briga de titãs, dai partiu para o apoio a Gilmar Bender. De outro lado veio o então deputado federal Arnon Bezerra pelo PTB e Giovanni Sampaio(PSD) foi indicado para ser o seu vice. Fez se então a salada política bem ao gosto dos mandatários estaduais e ficou marcada a polarização entre dois candidatos: um pelo PTB e o outro pelo PDT. Camilo Santana dando uma de magistrado, enquanto os irmãos Ferreira Gomes de dividiram entre o apoio a um e ao outro. Afinal, qualquer um dos dois que ganhasse a parada estava sob o domínio do poder que até hoje domina o Ceará. Em Juazeiro do Norte não havia como Ciro, Cid Gomes e Camilo Santana saírem perdendo a eleição. Todos eram farinha do mesmo saco. No final da peleja Arnon Bezerra venceu com 55.538 votos(42,72%) contra 44.321(34,09%) dos votos dados a Gilmar Bender, ou seja, mais de onze mil votos de diferença(11.217 votos). Nesta eleição que aconteceu em dois de outubro de 2016, surgiram além de Arnon e Bender mais seis candidaturas: Raimundo Macedo(PMDB) que desistiu na reta final, saudoso Normando Sóracles(PSDB), radialista Francisco Fabiano(PSB), jornalista Demontier Fernandes(P Sol), Helaine Mendonça(PMB) e a advogada Flávia Soares pelo PRB.

SAGA DO GILMAR BENDER

Após perder esta eleição em 2016, Gilmar saiu da disputa agachadíssimo, sim, pois como perder uma eleição em que as pesquisas o apontavam como provável vencedor? Sei não, só sei é que nesse chove não molha ele até que procurou continuar na galerias dos influenciáveis da política juazeirense. Por ocasião da disputa municipal de 2020 Bender tentou manter a sua bandeira política hasteada, mas forças ocultas surgiram de todos os lados e conseguiram mais uma vez suplantar o seu desejo de chegar ao comando maior da política romeira. Desiludido, esticou o tapete e Arnon Bezerra partiu lépido em busca da reeleição, só que desfalcado do vice Giovanni Sampaio que se uniu a Gilmar Bender e Normando Sóracles e começaram a ser cortejados pelo ascendente Nelinho de Freitas(MDB) que ostentava toda condição financeira para se fazer valer na disputa e ainda contava com a força do mandato de deputado estadual. De outro lado, vejam muito bem, partiam as investidas um tanto tímidas de Glêdson Bezerra(Podemos), pois era homem sem posses financeiras para oferecer ao trio Bender, Giovanni e Sóracles. Mas, como o seu nome surgia no seio da população como uma força que alerta, findaram os três hipotecando apoio ao candidato Glêdson Bezerra que polarizou com Arnon Bezerra e nesse trinchinchim Nelinho de Freitas foi atropelado por essa conjuntura. Hoje, Gêdson Bezerra é o prefeito, Arnon Bezerra está sem mandato, o filho Pedro Bezerra não conseguiu se reeleger à Câmara Federal e Nelinho Bezerra que nas últimas eleições estaduais tentou voar mais alto, candidatando-se à Câmara Federal, não foi eleito e atualmente está sem mandato eletivo.

STORY’S GRAND FINALE

Dizem que Gilmar Bender por vontade própria não se defendeu de processos políticos, deixando todos correrem à revelia para não cair na tentação de retornar às grandes disputas. Para ele melhor é continuar na condição de grande eleitor, atuando como fiel da balança numa eleição municipal romeira, coisa que para 2024 já se posicionou ao lado do prefeito Glêdson Bezerra que tentará a reeleição. Contaram-me que Nelinho de Freitas anda também um tanto desiludido com a política, tanto que mergulhou desde que perdeu a disputa para a Câmara Federal e poderá seguir o mesmo caminho de Gilmar Bender, colaborar politicamente, porém, longe, muito longe de disputar uma eleição. No que faria muito bem, pois é um carinha de ouro, rico e que deveria se voltar muito mais para o campo empresarial. Mas isso só o tempo dirá, quem sabe nas próximas eleições municipais de 2024? Vamos aguardar. Sendo assim, estamos para lá de conversados. Sorry periferia!!!!

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Um dia acordei para ‘jornalizar’ a vida com os meus leitores. Nesta época trabalhava no extinto jornal Tribuna do Ceará, de propriedade do saudoso empresário José Afonso Sancho. Daí me veio a ideia de criar o meu próprio site. O ponta pé inicial se deu com a criação do Caririnews, daí resolvi abolir este nome e torna-lo mais regional, foi então que surgiu O site “Caririeisso” e, desde lá, já se vão duas décadas. Bom saber que mesmo trabalhando para jornais famosos na época, não largava de lado o meu próprio meio de comunicação. Porém, em setembro de 2017 resolvi me dedicar apenas ao site “Caririeisso”, deixando de lado o jornal Diário do Nordeste, onde há sete anos escrevia uma coluna social…

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