PF TENTA EXCLUIR ALEXANDRE DE MORAES DA INVESTIGAÇÃO, MAS É TARDE DEMAIS…

Carlos Newton

Moraes enfim entendeu que não está mais agradando

Ao criar uma quantidade enorme de investigações simultâneas, o ministro Alexandre de Moraes cometeu um terrível erro estratégico, porque nenhuma autoridade policial ou judiciária pode desconhecer os ritos regimentais e processuais, não importa se o objetivo é acelerar os processos ou salvar a democracia, conforme ele próprio e seus colegas do Supremo costumam repetir.

No início, essas justificativas sem fundamento ético foram aceitas entusiasticamente pela cúpula do Judiciário, eivadas de um orgulho mútuo e corporativista mais do que exacerbado.

TUDO MUDA… – Mas o tempo vai passando, as condições se alteram e as opiniões mudam, especialmente quando há autoridades que se acostumaram a desprezar os ritos, sem perceber que eles constituem os pilares da democracia, que é formada pela obediência a essas pequenas regras de caráter ético e humanístico.

São concebidas para nos lembrar a todo tempo que a Justiça não se exerce como vingança e que é preciso respeitar quem não pensa como nós e tem direito a exercitar a liberdade de expressão.

No delicado momento que o Brasil vive hoje, depois dos exageros da reação contra a vitória eleitoral de Lula da Silva, que quase conduziu a um golpe de estado, o Supremo agiu com sede de vingança. Desnecessariamente.

EXEMPLO DE VARGAS –O STF deveria ter seguido a cautela de Getúlio Vargas, que em 1935 teve o cuidado de nomear um juiz federal que fosse seu adversário político, para evitar que os rebeldes da Intentona Comunista fossem julgados com rigor demasiado. Uma sábia decisão.

Tanto tempo depois, Moraes fez o contrário de Vargas e criou uma fábrica que produziu mais de 1,5 mil “terroristas”, denunciados por terem participado do quebra-quebra na Praça dos Três Poderes. E o pior é que o ministro se embriagou com o poder e prosseguiu nesse intento de criar novos terroristas, desta vez nas redes sociais, responsáveis por fake news e milícias digitais, disseminadoras do ódio político.

Em seu delírio, Moraes não percebia que o ódio também estava dentro dele e contaminara seu trabalho no STF e no TSE, conforme se comprovou agora, com as reportagens de Glenn Greenwald e Fábio Serapião, na Folha de S.Paulo.

AGORA, ACABOU – Quem raciocina com mais de dois neurônios e um mínimo de isenção percebe que a situação está mudando. Nesta quinta-feira, a Polícia Federal fez talvez a derradeira tentativa de tumultuar a situação, para tirar Moraes do foco das investigações. Para tanto, criou o factoide de que o perito Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da assessoria de Combate à Desinformação (órgão do TSE), estaria sendo investigando por tentar vender à revista Veja as mensagens que revelam o uso ilegal da equipe da Corte Eleitoral pelo ministro Moraes.

Foi uma bela tentativa, a direção da Veja agradece o marketing inesperado, mas a desesperada embromação mostra que as autoridades dos nossos tempos não têm medo do ridículo. Assim, de uma hora para outra, surgiu mais uma evidência de que a Polícia Federal ainda está numa fase muito criativa.

Mas o experiente criminalista Eduardo Kuntz, que defende Tagliaferro, fez ver aos policiais federais que o teor do questionamento não constava dos autos do inquérito ao qual a defesa tivera acesso. Tinha sido uma invenção de última hora, para tentar a incriminação do perito do TSE, na esperança de mudar o rumo das investigações e limpar a ficha suja do ministro Alexandre de Moraes.


P.S. –
 É triste ver que a Polícia Federal também costuma operar fora dos ritos. Mostra a que ponto chegamos no descrédito às instituições. Depois voltaremos ao assunto, porque é inesgotável.

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Um dia acordei para ‘jornalizar’ a vida com os meus leitores. Nesta época trabalhava no extinto jornal Tribuna do Ceará, de propriedade do saudoso empresário José Afonso Sancho. Daí me veio a ideia de criar o meu próprio site. O ponta pé inicial se deu com a criação do Caririnews, daí resolvi abolir este nome e torna-lo mais regional, foi então que surgiu O site “Caririeisso” e, desde lá, já se vão duas décadas. Bom saber que mesmo trabalhando para jornais famosos na época, não largava de lado o meu próprio meio de comunicação. Porém, em setembro de 2017 resolvi me dedicar apenas ao site “Caririeisso”, deixando de lado o jornal Diário do Nordeste, onde há sete anos escrevia uma coluna social…

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