Clarissa Oliveira
Veja
Discretamente, começa a se desenhar nos bastidores do novo governo um discurso para justificar a volta de um mecanismo de financiamento dos sindicatos, federações e centrais, em substituição ao extinto imposto sindical. Por enquanto, não há nada certo e nem é uma prioridade absoluta para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste momento.
Mas é provável, segundo aliados do presidente, que as conversas sobre a volta da contribuição venham casadas com o debate sobre a reforma tributária.
LUCROS E DIVIDENDOS – Um argumento é que, em uma etapa posterior da reforma, provavelmente no segundo semestre, o governo deverá retomar o debate sobre a taxação de lucros e dividendos. E que seria necessário reforçar a estrutura de fiscalização dos sindicatos, para reduzir a “pejotização”, como é conhecida a contratação irregular de funcionários por meio da abertura de empresas.
Ou seja, governistas dirão que é preciso ampliar a cobrança sobre lucros e dividendos, sem prejudicar trabalhadores que deveriam estar contratados em regime de carteira assinada.
Lula está sobre pressão da base sindical desde antes mesmo de tomar posse. As centrais querem convencer o governo a bancar a criação de uma nova contribuição, com cobrança e valor a serem aprovados em assembleia. Uma vez avalizada, aí sim, o desconto voltaria a ser feita automaticamente na folha de pagamento de funcionários com carteira assinada.
NOTA DA REDAÇÃO DO SITE – É claro que Lula vai tentar recriar o imposto sindical que concentra a maior estrutura parasita do mundo. Alguém esperava outra coisa dele? Resta saber se o Congresso vai aceitar essa monstruosidade, que transformou o Brasil numa aberração sindicalista, para efeitos meramente político-partidários.