Renato Machado, Cézar Feitoza e Ranier Bragon
Folha
A operação da Polícia Federal realizada na última quinta-feira (8) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados aumenta a pressão sobre o bolsonarismo, mas pode também servir de combustível para movimento no Congresso Nacional que visa diminuir o poder do STF (Supremo Tribunal Federal).
Governistas torcem para que o avanço das investigações, reforçadas com as recentes buscas, representem um xeque-mate eleitoral sobre Bolsonaro, já inelegível até 2030 devido a decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que o condenaram por uso da máquina e ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral.
INELEGÍVEL – Como mostrou a Folha, caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, ele pode ficar inelegível por mais de 30 anos. O ex-presidente está convocando apoiadores para um ato no próximo dia 25.
A oposição mais ligada ao ex-mandatário mantém o discurso de apoio a ele e de críticas ao STF, que conduz as investigações por meio do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
“A perseguição política sob o disfarce de justiça ameaça a democracia. A ação da PF contra membros do PL e da oposição é mais um ataque à nossa Constituição. É essencial que a sociedade e o Congresso se unam em defesa do reequilíbrio entre os Poderes e da retomada da normalidade democrática, frente às excepcionalidades que atentam nossa legislação”, escreveu em suas redes sociais, no dia da operação, o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição.
CONTRA O SUPREMO – Rogério Marinho também é um dos principais integrantes da frente que busca reduzir o poder do Supremo.
O Senado já aprovou uma PEC (proposta de emenda à Constituição) limitando as decisões individuais de ministros do STF, em ofensiva da oposição que contou com o apoio do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O texto está na Câmara.
“Muito mais forte [será a atuação da oposição]. Representamos um povo que está indignado. Este povo é a metade da população brasileira. Não se cala a metade de uma Nação. Nenhum recuo. Nenhum passo atrás”, afirmou à Folha a ex-ministra e senadora Damares Alves (Republicanos-DF).
GRATIDÃO ETERNA – O senador Cleitinho (Republicanos-MG) foi outro dos que manifestaram apoio a Bolsonaro nas redes sociais. “Devo tudo a Deus e a vocês por estar como senador hoje, mas também devo gratidão eterna ao ex-presidente Bolsonaro. […] Faço esse texto hoje para dar meu apoio ao ex-presidente Bolsonaro. Ele pode sempre contar comigo, até o fim!”, escreveu.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também bateu na tecla de que o Supremo está extrapolando em suas funções. “O que a gente está vendo é um desequilíbrio total entre os Poderes”, disse em vídeo divulgado no dia da operação.
A esperança da oposição é que o espírito de corpo dos parlamentares —além do receio de boa parte de se tornar alvo futuro— e a popularidade do ex-presidente falem mais alto, no fim das contas.
UM MINUTO POR FAVOR: É impressionante o que está acontecendo com o Brasil, um país dividido pela radicalização, quando mais precisava de paz e tranquilidade para crescer e enfrentar os problemas econômicos e sociais.