Carlos Newton
Temos publicado aqui na Tribuna da Internet as manifestações contraditórias sobre os fatos de o presidente venezuelano ser de direita ou esquerda, uma discussão séria e ligeira, que logo chegou a Adolf Hitler e Benito Mussolini, com as antigas definições sobre nazismo e fascismo. Chegaram também a Karl Marx e ao comunismo, com suas derivações socialistas.
Uma discussão antiga e arcaica, que movimentou bandeiras tão velhas e carcomidas que se rasgam a qualquer movimento mais brusco. O pior é a conclusão. Examinados os argumentos de cada debatedor, ficou claro que todos são movidos pela paixão. E não houve uma análise menos irada, porque a figura de Nicolás Maduro já ultrapassou todos os limites e se converteu apenas numa ditadura personalista, que nada tem a ver com ideologias.
TENDÊNCIA SOCIALISTA – Quando o coronel Hugo Chávez chegou ao poder, havia uma tendência socialista, porém a luta mais importante era pela defesa das riquezas, basicamente o petróleo, devido à corrupção incontrolável. Foi assim que a PDVSA deu lucro pela primeira vez, depois de tantos anos de seguidos prejuízos.
Chávez errou ao se deixar iludir pela ânsia de poder, que o fez ir mudando as leis para ser sempre o vencedor, como ocorre na falsa democracia de Cuba, que ele ajudou muito após a derrocada da União Soviética. Mas foi levado pelo câncer e Maduro subiu ao poder, sem a menor condição de governo.
E o resultado é esse terrível drama que hoje emociona e revolta o mundo, como acontece sempre que alguma nação tenta se livrar da ditadura e se democratizar.
DISCUSSÃO ARCAICA – Não é mais cabível haver discussão entre direita e esquerda, sobretudo quando baseada num estrupício como Maduro. Já faz tempo que esse debate tornou-se obsoleto. É preciso reconhecer que as teses do marxismo forçaram uma humanização do capitalismo, com a criação dos direitos trabalhistas e depois o estado do bem-estar social.
A humanização do capitalismo inviabilizou completamente o marxismo, como ficou provado pelos exemplos de China e Vietnã, enquanto a democracia-social fizesse com que os países escandinavos alcançassem os maiores índices de bem-estar social.
Nessa conjuntura, que prevalece não é de hoje, como defender antigas ideologias, capitalismo ou comunismo, ou mesmo direita e esquerda. Como diria Padre Quevedo, isso non ecziste mais.
DEBATE DECEPCIONANTE – Nessa vida moderna, em que a evolução tecnológica chega a ser sufocante, como manter essa importante discussão em termos tão antigos? É preciso abandonar os velhos hábitos e raciocinar de uma forma simplista, para definir o que é certo e o que é errado. Apenas isso, seguindo a recomendação de Sidarta Gautama, o Buda, 500 anos antes de Cristo, como sempre nos recorda em seus artigos o mestre Antonio Rocha, grande estudioso das religiões em geral.
Continuar discutindo direita e esquerda a essa etapa da vida é decepcionante, no caso da Venezuela o debate deveria se concentrar entre democracia e ditadura, porque o resto é folclore, como diz Sebastião Nery.