Carlos Newton
É interessante a cobertura que a grande, pequena e média imprensa dão às eleições no Brasil. Os jornalistas e observadores políticos comportam-se como se as pesquisas fossem 150% perfeitas e consideram que os resultados estão acima de qualquer suspeita. Ao agir assim, os cientistas políticos tentam desprezar a indiscutível tese de que as pesquisas têm prazo de validade diferente dos produtos de consumo. Como se sabe, quanto mais próximas às eleição, maior a possibilidade de acerto das pesquisas.
Detalhe: essa tese sobre a validade das pesquisas é mais do que comprovada no Brasil e no mundo, estando absolutamente imune a questionamentos.
PESQUISA ESPONTÂNEA – Bem, qualquer pessoa com um mínimo de neurônios sabe que a pesquisa mais confiável é a considerada “espontânea”, quando o entrevistador não exibe os nomes dos candidatos e apenas pergunta: “Em quem você vai votar?”.
A grande, pequena e média imprensa, porém, fazem questão de divulgar ruidosamente a chamada pesquisa “estimulada”, na qual até mesmo a ordem de apresentação dos nomes dos candidatos pode beneficiar os primeiros a serem citados.
Essa opção preferencial pela pesquisa “estimulada”, que podemos considerar como “direcionada”, desmoraliza qualquer análise séria que se tente fazer com bases nesses estratégicos levantamentos, digamos assim.
ALGUMAS PERGUNTAS – Costumamos apresentar, aqui no site Caririeisso, importantes indagações que jamais são respondidas, certamente para não incomodar a classe política. Assim, vamos repeti-las, tomando como base a mais recente pesquisa, do instituto Quaest, divulgada esta segunda-feira.
Se a rejeição a Bolsonaro, Lula e Ciro está assim tão alta, por volta de 50%, por que o número de indecisos é de apenas 6%?
Por que essa imensa rejeição aos três favoritos não provoca crescimento da alternativa Simone Tebet?
Cadê os votos de Sérgio Moro, que tinha 10% e de repente sumiram?
30% DE INDECISOS – Estas perguntas ganham relevância especial quando se percebe que na pesquisa espontânea – quando não são apresentados nomes aos candidatos – o número de indecisos corresponde a 29% do eleitorado, podendo chegar a 31% na margem de erro.
A importantíssima pesquisa espontânea indica que Lula (PT) tem 33%; Jair Bolsonaro (PL), 29%; Ciro Gomes (PDT), 4%; Indecisos, 29%; Brancos/Nulos/Não vai votar: 3%; Não responderam: 2%.
Vejam que nessa pesquisa espontânea (“Em quem você vai votar?”), Lula e Bolsonaro estão com diferença de apenas 4%, Ou seja, na margem de erro estão rigorosamente empatados.
P.S. – Diante dessa realidade transparente, pois nenhuma das afirmações acima pode ser questionada estatisticamente, é impressionante que ainda haja quem acredite nas pesquisas. Mas minha ironia não chega a tanto.