O vice-prefeito de Juazeiro do Norte, médico Giovanni Sampaio(sem partido), anda com a sua metralhadora giratória atirando para tudo quanto é lado. Uns dizem que ele se inspira na figura lendária de Tenório Cavalcanti, polêmico e violento político da Baixada Fluminense, que desafiava os poderosos da região nos anos 1950 e 60. Com uma metralhadora e usando capa preta e cartola, Tenório era o tipo de protagonista político que adorava uma grande discussão para se tornar o centro das atrações.
UM POUCO DA HISTÓRIA DO HOMEM DA CAPA PRETA
Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque nasceu em Bonifácio, no município de Palmeira dos Índios (AL), no dia 27 de setembro de 1906, filho de Antônio Tenório Januário Cavalcanti de Albuquerque e de Maria Cavalcanti de Albuquerque, pequenos proprietários rurais. Descendente de Francisco Alves Cavalcanti Camboim, barão de Buíque, deputado provincial em Pernambuco de 1835 a 1837, seu pai pertencia a um ramo empobrecido de poderosa família nordestina. Outro parente, seu padrinho Natalício Camboim de Vasconcelos, foi industrial em Alagoas e deputado federal pelo mesmo estado de 1909 a 1926.
Iniciou os estudos em Palmeira dos Índios, mas, órfão de pai aos 12 anos, viu-se obrigado a contribuir para o sustento da mãe e dos irmãos. Algumas fontes afirmam que seu pai morreu de doença, e outras que foi assassinado numa das inúmeras rixas ocorridas no violento sertão alagoano. De qualquer modo, com a morte do chefe, a família se desfez das propriedades e Tenório passou a trabalhar como empregado em fazendas de compadres e parentes, inicialmente na serra da Mandioca e depois em Quebrangulo (AL).
Em 1926, com muito pouco dinheiro, transferiu-se para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Trazia uma carta de apresentação de seu padrinho, a qual, no entanto, pouco o auxiliou. Hospedado em pensões humildes ou em casas de parentes no subúrbio, trabalhou como lavador de garrafas na cervejaria Brahma, servente, copeiro e ajudante de enfermeiro no Hospital dos Marítimos, garçom de pensão, porteiro de hotel, empregado em loja de roupas e motorista de caminhão. Ao mesmo tempo, matriculou-se no Ginásio Guanabara. Em 1927 ocorreu o fato que determinou o rumo de sua vida: foi convidado a administrar uma fazenda em Duque de Caxias.
O proprietário das terras, Edgar de Pinho, era cunhado de Otávio Mangabeira, então ministro das Relações Exteriores, e necessitava substituir um empregado assassinado em conflito pela posse e demarcação das glebas.
Pela mão do político local Getúlio de Moura — mais tarde deputado federal e seu adversário — filiou-se à União Progressista Fluminense (UPF), em cuja legenda elegeu-se em 1936 vereador à Câmara Municipal de Nova Iguaçu, representando o distrito de Duque de Caxias.
Com a erosão do Estado Novo e a criação dos partidos políticos em 1945, Tenório filiou-se à União Democrática Nacional (UDN), tornando-se ardoroso partidário da candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes à presidência da República. José Eduardo Prado Kelly, um dos líderes de seu antigo partido, a UPF, era agora um vulto eminente da UDN e o político mais próximo do candidato udenista.
Em 1947, Tenório foi eleito deputado à Assembleia Constituinte do estado do Rio na legenda da UDN, e em outubro de 1950 elegeu-se para a Câmara dos Deputados com a quarta votação entre os candidatos udenistas fluminenses.
Enfim, adotando uma linguagem popular e valendo-se de apelos sensacionalistas, como o recurso a manchetes ambíguas que ficaram famosas, a Luta Democrática conquistou grande aceitação junto às camadas mais pobres da população carioca e fluminense, difundindo a imagem de Tenório sempre envolto em uma vasta capa preta que escondia a metralhadora apelidada “Lurdinha”, da qual nunca se separava.
VOLTANDO A GIOVANNI SAMPAIO X DESAFETOS
Retornando ao comecinho desta aventura política, o que se depreende é que nas terras romeiras existe este político que encarna o velho político carioca e atende pelo nome de Giovanni Sampaio, que surgiu encarnado e esculpido através da figura do valente Tenório Cavalcanti. Seu passado é de pavio curto, senão, vejamos: buscou e encontrou indisposição com o grande empresário e político Manuel Salviano Sobrinho; afastou-se do ex-prefeito Arnon Bezerra alegando poucas e boas; recentemente se atritou com o blogueiro Lucão na defesa do seu idolatrado Camilo Santana, senador eleito pelo PT; discordou de seu partido, o PSD, dando um chega para lá no presidente da sigla Domingos Filho; por estes dias trouxe para o ringue uma blogueira chamada Carolzinha, o telequete foi intenso de ambas as partes, levando a jovem comunicadora a fazer um Boletim de Ocorrência(BO) contra o danisco Giovanni e ainda a acusá-lo de se locupletar com dinheiro público(fundo partidário), coisa que o político romeiro, nascido na cidade de Jardim-Ceará, nega peremptoriamente. Com certeza irá processar ou já processou a acusadora. Por último, arre égua(!), resolveu bater boca com o deputado federal mais votado do Ceará, o André Fernandes, um bolsonarista fanático e tido como um político “bala na agulha”, ou seja, pronto para qualquer tipo de telequete político.
Vamos mostrar o entrevero político do polêmico Giovanni Sampaio X André Fernandes, deputado federal eleito com a maior votação do Ceará:
E assim vai trilhando o nosso querido vice-prefeito romeiro, encarnando a figura lendária do velho Tenório Cavalcante, o “homem da capa preta”, que dominou a cena política na Baixada Fluminense dos anos 1950 e que deve lá do alto está analisando se o seu adepto está fazendo jus ao seu passado de homem feroz e corajoso. Vou te contar… Sorry periferia!!!!