Roberto Maciel
Os partidos de esquerda nunca precisaram da família Ferreira Gomes para atuar nos contextos políticos cearenses, sendo esses suaves ou espinhosos. Na verdade, o que sempre houve mesmo foi um atrito soltando faíscas entre petistas, socialistas, comunistas e os irmãos sobralenses — algo que, se se escavacar devidamente, vai-se dar em raízes ainda nos movimentos estudantis das décadas de 1970 e 1980 na Universidade Federal do Ceará.
É claro que há episódios e acordos de paz em determinados momentos, o que não se faz nem se fez perene. Isso posto, deve-se observar a aflitiva situação a que hoje chegaram as alas políticas. Que coisa, hein? Os Ferreira Gomes, excluindo Ciro, dependem da esquerda para navegar com menos dificuldades nos mares turbulentos e incertos apresentados no Estado e no País. A esquerda depende dos Ferreira Gomes, excluindo Ciro, para encarar menos solavancos e sustos nas veredas políticas. No fim das contas, ambos os lados precisam deles — trata-se de experimentados articuladores políticos com um currículo alentado de serviços prestados ao Ceará. Mas, lá longe, no lado direito e escuro da história, com inescondíveis gula e cobiça, o bolsonarismo esfrega as mãos.