Andreza Matais, Felipe Frazão e Vera Rosa
A Polícia Federal descobriu uma troca de mensagens que sugere um plano para matar com um tiro de fuzil, a longa distância, o presidente Lula da Silva, durante a posse presidencial, em 1.º de janeiro.
Em entrevista ao Estadão, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que investigadores encontraram uma conversa com esse teor em mensagens apreendidas com um dos envolvidos no atentado a bomba no Aeroporto de Brasília, interceptado em dezembro do ano passado.
Leia abaixo o trecho da entrevista:
O presidente Lula ainda está sob uma ameaça real?
Claro que hoje os cuidados são sempre maiores, né? Esse cidadão que está preso, da bomba do aeroporto, no dia 24 (de dezembro), ele estava fazendo treino e obtendo instruções de como dar um tiro de fuzil de longa distância. Ele estava obtendo informações. Há um diálogo dele em que ele procura informações de qual o melhor fuzil, qual a melhor mira para tantos metros de distância.
Não fala o nome do presidente Lula, mas dá a entender…
Mas dias antes ele dá a entender, né? Porque pergunta: “Qual o fuzil que é mais adequado para tal distância?”; “E a tal mira?” Aí o instrutor diz: “Não, essa mira é melhor”. Ou seja, havia atos preparatórios para a execução de um tiro que ia ser um tiro no dia da posse de Lula.
O senhor recebeu ameaças depois que se tornou ministro? Está andando com a segurança reforçada?
Infelizmente foi necessário reforçar a segurança por conta do desvario extremista. Então, em vários locais diferentes houve tentativa de agressão. Isso ensejou que certas providências fossem tomadas, de reforço de segurança. Quando há muita agressividade, o trânsito da agressão verbal para a agressão (física) pode ser muito rápido. Então, como eu tenho família, é claro que eu não vou correr riscos desnecessários. Então, houve quatro episódios em sequência, na rua – no shopping, prédio, restaurante, de pessoas, berrando, gritando xingando, agredindo. Numa delas, inclusive, eu estava com crianças, filhos e sobrinhos.
Mudou sua rotina de alguma forma?
Minha rotina em Brasília é muito voltada para esse prédio (Palácio da Justiça, sede do ministério). No Maranhão é um pouco diferente, mas aqui é uma rotina muito reclusa. Lamento, mas é a atual situação que nós temos. Muita gente agressiva e xingamentos. Numa das ocasiões num shopping, uma pessoa se identificou como CAC (caçador, atirador e colecionador), não sei se é. Ele se identificou como CAC e foi muito intimidatório assim comigo. Eu ainda não era ministro, tinha sido indicado. Mas ele chegou em mim e começou quase que ameaçar, uma coisa muito ameaçadora, (dizendo) “desse jeito não vai dar. Por que essa perseguição? Assim a gente vai ter que tomar alguma providência”. Coisas dessa natureza. Eu achei assim muito fora do tom, eu diria.
Houve outros incidentes?
Aí teve um episódio no shopping, outro no prédio em que eu estava temporariamente instalado. Depois eu me mudei para o apartamento do Senado. Enfim uma situação lamentável. Uma coisa é você entrar no lugar público, no restaurante vai ter a pessoa que vai pedir para tirar uma foto e a pessoa que vai virar a cara, fechar a cara, normal. É da vida. Mas levantar, xingar, ameaçar… Principalmente no meu caso quando você está com esposa, filho. O que seu filho tem a ver com isso, né? Num dos episódios no shopping, um dos meus filhos tem seis anos. Então imagina ele vendo aquilo… Um casal gritando, berrando quase que me agredindo, partindo para cima de mim aqui em Brasília e aí uma criança de 6 anos assistindo sem entender o que é aquilo. Era aos berros, aos gritos, era uma coisa agressiva mesmo, próxima. Foi preciso pessoas intervirem. Mas isso foi antes de tomar posse como ministro.
Políticos não viviam isso antes…
Engraçado que essa gente fala tanto em privacidade e não respeita nem a família de um agente público, né? É uma coisa eu estar aqui (no ministério) e a pessoa vem aqui para frente faz um protesto, xinga… É democrático, desde que não queira quebrar tudo e tocar fogo no prédio é democrático. O aplauso e a vaia são partes legítimas da democracia. Mas agressão física, ameaça é realmente um dos traços mais deploráveis de uma visão de corte nazifascista porque na verdade não é uma visão de oposição. É uma visão de extermínio na pessoa. Não é que a pessoa não goste de você, ela quer exterminar, aniquilar. E é isso que distingue a oposição democrática de algo autoritário, nazifascista ou totalitário, extremista, o nome que queira dar. Não é apenas discordar. É discordar e porque discorda querer aniquilar, fisicamente, se possível. Eu diria que, no mundo, a democracia já viveu dias mais gloriosos.
NOTA DA REDAÇÃO DO SITE – Como se vê, Flávio Dino não demonstra a menor condição de ser ministro da Justiça. Como tem coragem de dar uma entrevista dessas, anunciando um plano para matar Lula, sem a menor prova? Quem conhece a Praça dos Três Poderes sabe que não há possibilidade de posicionar um sniper nos prédios do Congresso, Supremo ou ministérios. E como Dino teve a desfaçatez de dar essa declaração, se foi constatado que a arma apreendida era uma espingarda de ar comprimido? Ora, meus amigos, trata-se de um ministro altamente irresponsável. Apenas isso. Aliás, ele não tem senso de ridículo e até já procurou Sarney, porque quer ser candidato a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras… Ou seja, precisa ser internado com máxima urgência.