Carlos Newton
Os grandes bilionários do mundo, que saem nas páginas e nas listas anuais publicadas pelas revistas econômicas, têm origens surpreendentes. Alguns chegam lá porque já nasceram ricos e apenas deram seguimento ao lance, como Jorge Paulo Lemann, que conheci na década de 60 jogando tênis no Fluminense.
Ele tinha enorme potencial para se destacar no esporte, chegou a integrar a equipe brasileira, e o fabuloso argentino Guilhermo Villas teve de suar muito para derrotá-lo na Taça Davis. No entanto, Lemann preferiu o mundo dos negócios, abandonou o tênis e se deu maravilhosamente bem.
Outros vieram do zero ao milhão. É mais raro, mas às vezes acontece, especialmente quando se trata de inovações tecnológicas, como é o caso de Bill Gates (Microsoft), Steve Jobs e Steve Wozniak (Apple), Larry Page (Google) e Elon Musk (SpaceX), entre tantos outros.
PESSOAS ESQUISITAS – Esses multibilionários são pessoas esquisitas, que parecem meio deformados pelo excesso de dinheiro. No caso de Bill Gates, por exemplo, ele construiu uma casa com 100 quartos, vejam a que ponto chega o delírio dessa gente.
Os filhos de Roberto Marinho também são assim, têm ilhas gigantescas com mansões hollywoodianas que eles raramente frequentam, porque a vida é uma grande ilusão, como dizia Vinicius de Moraes.
Praticamente todos os bilionários separam algum dinheiro e entregam a causas sociais e humanitárias, para diminuir o sentimento de culpa e pecado que caracteriza a civilização judaico-cristã, creio eu. Como dizia Ibrahim Sued, em sociedade tudo se sabe.
DIREITOS TRABALHISTAS – O bilionário carioca Lemann, que diz morar na Suíça para pagar menos impostos, é um dos patrocinadores do fenômeno político Tabata Amaral, que saiu da laje da periferia paulista, direto para a Câmara Federal. Contraditoriamente, na mesma época Lemann e seus sócios esqueceram de pagar os direitos trabalhistas dos empregados das Lojas Americanas. Assim, os advogados ficam esperando para fazer acordos e pagar menos dinheiro aos trabalhadores.
Bem, todo esse introito sobre bilionários é para assinalar que Elon Musk é um pouco diferente dos demais. É o único que se interessa pela humanidade, vejam que imediatamente mandou antenas da Starlink para ajudar o Rio Grande do Sul.
Acho importante essa defesa que o bilionário faz da democracia em países como Brasil e Austrália. Age assim sem interesse algum, nada ganha com isso. Pelo contrário, sofre uma campanha patética na mídia, está pouco ligando.
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P.S. 1 – Já disse aqui na Tribuna que Musk é o pobre menino rico da peça musical de Vinicius de Moraes e Carlos Lira. Já casou várias vezes, teve um monte de filhos, mas ainda não conhece o amor verdadeiro, que nada tem a ver com grana. Espero que um dia ele tenha essa ventura, mas é muito difícil, porque todos que o cercam só pensam em encontrar uma forma de tomar algum dinheiro dele.
P.S. 2 – Musk gosta de praticar box para manter a forma e equilibrar as emoções. Me faz lembrar Carlos Lira, que era uma figura doce, mas esvaziou um armário em casa e se trancava nele para dar uns gritos, sempre que se aborrecia. Ele chamava o armário de “Gritarium”. No meu caso, moro no interior, num lugar ermo e posso gritar a qualquer momento, porque os vizinhos não conseguem ouvir. E vida que segue, dizia João Saldanha.