Carlos Newton
A ciência da Estatística considera superconfiáveis as amostragens. Quando há discrepância entre os resultados das amostragens e do censo, é problema grave, há alguma coisa de podre no esquema da pesquisa ou da apuração, que precisa ser logo identificada, seja na amostragem ou na estatística final.
É claro que há muitas diferenças entre o trabalho de um recenseador e a atuação de um entrevistador de instituto de pesquisa eleitoral. Pode-se afirmar que as pesquisas eleitorais decididamente não são confiáveis durante a maior parte da campanha, porque estão sujeitas a diversos tipos de manipulações na fase da entrevista e depois, na fase da apuração.
O recenseamento, não. É praticamente imune a esses tipos de incorreção.
CONFIABILIDADE – O Brasil tem sido respeitado mundialmente pela confiabilidade de suas estatísticas, desde a gestão do cientista José Carneiro Fellipe, nomeado em 1938 por Getúlio Vargas para conduzir a Comissão Censitária Nacional, que se transformaria no IBGE.
Carneiro Fellipe era do tempo em que se usavam polainas e colarinho postiço, Comprou uma cama desmontável e passou a dormir na repartição, vejam que grandioso homem público.
Mas estatística é uma coisa e pesquisa eleitoral é outra, muito diferente. Por óbvio, quanto mais nos aproximamos das eleições, tem de ir aumentando a confiabilidade das pesquisas. Mesmo assim, ainda estão sujeitas a muitos erros, por se tratar de amostragens incipientes, feitas entre mil e 3 mil entrevistados num país continente, com 156 milhões de eleitores, pensem sobre isso.
PESQUISAS ELEITORAIS – Na fase final da campanha eleitoral, as manipulações têm de ser contidas, para que os institutos de pesquisas não caiam demais no ridículo, como tem acontecido tão frequentemente.
Daqui para frente, vamos nos ligar nas pesquisas. Nesta terça-feira, pela primeira vez o Ipespe indicou na margem de erro empate técnico de Lula e Bolsonaro em 50% a 50% (votos válidos) ou 46% a 46% (votos totais), num espectro ainda de amplo favoritismo do petista.
Na quarta-feira, a Quaest vai pelo mesmo caminho: dá empate técnico na rejeição e, na margem de erro, Lula vence por 45% a 44% dos votos válidos. E o Datafolha aponta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na margem de erro, empata com Bolsonaro, ainda com o petista em vantagem, diz o Datafolha
P.S. – Em tradução simultânea, Bolsonaro segue em viés de alta, com Lula estacionário ou até caindo. Como diz o velho ditado, se você acredita em bruxas, então você acredita em milagres. Portanto, se você torce por Lula ou Bolsonaro, é bom começar a rezar, enquanto as pesquisas se sucedem E haja coração!