
MANUELLA TAVARES-ASSESSORA DE IMPRENSA
Apesar de ser uma prática comum, algumas pessoas recorrem a pequenas mentiras para convencer a parceria a experimentar; Médico e sexóloga elegem os principais mitos acerca do assunto

O sexo anal ainda é um tema cercado por tabus, desejos e, em alguns casos, manipulações. Embora seja uma prática comum e apreciada por muitos casais, algumas pessoas recorrem a pequenas mentiras para convencer a parceria a experimentar. Mas até que ponto esse comportamento pode afetar a experiência e a relação entre os envolvidos? Especialistas analisam o impacto dessas mentiras e oferecem orientações para uma abordagem mais respeitosa e prazerosa.
Uma pesquisa realizada em março de 2025 com mais de 10 mil usuários da rede social adulta Sexlog e do App Ysos revelou que o sexo anal é uma prática recorrente entre 89,67% dos participantes. No entanto, um dado chama atenção: muitas pessoas confessam que já usaram pequenas mentiras para convencer a parceria a experimentar. As justificativas mais comuns foram prometer que “só colocaria a cabecinha”, “É minha primeira vez também”, “é pequeno, não vai doer”.
Fabricia* admite que mentiu afirmando que nunca havia experimentado, mas fez uma troca: se ele a penetrasse, ela o penetraria também. Hoje em dia, ela pratica nas duas posições. Já Allan*, de 27 anos, conta que omitiu sua experiência, dizendo que nunca tinha praticado sexo anal antes, com o intuito de conquistar uma mulher. Jean Carlos*, de 54 anos, diz que nunca mentiu porque acredita que, se fosse descoberto, o desejo da parceria poderia acabar. Para ele, a honestidade é essencial no sexo.
Quem pratica sexo anal?
Segundo a pesquisa, entre os que praticam, 67,33% são quem penetra, 15,25% são quem é penetrado, e 17,42% afirmam ocupar ambas as posições. Esses números mostram que a prática está longe de ser um nicho restrito, mas uma parte significativa da vida sexual de muitos brasileiros.
O que dizem os especialistas?

Para o psiquiatra e especialista em sexualidade Dr. Jairo Bouer, ainda há muitos mitos em torno do sexo anal. “A primeira questão que cerca essa prática é o tabu, o estigma e, às vezes, até o preconceito. Muitas pessoas não se permitem nem imaginar essa possibilidade, que pode trazer prazer sem dúvida nenhuma”, explica. Ele ressalta que o medo de acidentes também é um grande tabu. “É importante conhecer os ritmos do próprio corpo, entender o funcionamento intestinal e, se necessário, recorrer a métodos como a lavagem intestinal para evitar surpresas.”
Já a sexóloga Luciana Vilela reforça que um dos principais medos das mulheres não é a dor, mas a possibilidade de sujeira durante o ato. “A melhor forma de evitar isso é com uma boa higiene. A chuca é um método adequado, mas sem exageros para não causar desequilíbrios na flora intestinal”, orienta. Ela também alerta contra o uso de anestésicos na região anal. “Se a mulher não sente nada, ela pode acabar se machucando sem perceber.”
Motivos para rejeição da prática
Entre os 10,33% que afirmaram não praticar sexo anal, 56,86% nunca tentaram, 24,42% tentaram e não gostaram, 7,93% acham a prática suja e 10,78% têm medo. A influência da religião também apareceu como fator de rejeição.

Sexo anal como moeda de troca
Um dado intrigante da pesquisa é que 42,74% dos entrevistados já pediram ou cederam sexo anal como uma forma de troca em situações especiais, como aniversários ou apostas. Segundo a CMO do Sexlog e Ysos, Mayumi Sato, esse comportamento reforça que o sexo anal é visto como uma prática diferenciada para muitos casais. “Isso mostra que, apesar de ser uma prática comum, ainda é tratada como algo especial ou exclusivo dentro da dinâmica dos relacionamentos”, comenta.
Como tornar o sexo anal mais seguro e confortável?
Dr. Jairo Bouer destaca que a região anal tem uma microbiota rica, o que pode aumentar o risco de infecções se não houver os devidos cuidados. “O uso de camisinha é essencial, e exames regulares para HIV, sífilis, clamídia e gonorreia são recomendados para quem pratica sexo anal sem proteção frequente”, alerta o especialista. Além disso, ele reforça a importância da vacinação contra o HPV, que pode ser transmitido durante o ato e aumentar o risco de câncer anal.
Luciana Vilela enfatiza que a lubrificação é outro fator indispensável. “O ânus não tem lubrificação natural como a vagina, então sempre deve-se usar lubrificantes à base de água ou silicone, e aqueles que além de lubrificar podem hidratar a região”, sugere.
O papel da comunicação na experiência
Mayumi Sato, CMO do Sexlog e do Ysos, ressalta que o grande problema das mentiras no sexo anal não é apenas a questão moral, mas o impacto na experiência sexual. “A comunicação aberta e honesta entre os parceiros é fundamental. Forçar ou enganar alguém para experimentar uma prática pode gerar traumas, insegurança e até afastar a pessoa de vez desse tipo de prazer”, pontua.
Uma boa alternativa são os contos eróticos que abordem o tema e podem ser ouvidos pelo casal como forma de explorar a fantasia aos poucos. “Para ter uma experiência prazerosa e respeitosa, o ideal é que haja diálogo, consentimento e preparo adequado. Alinhar expectativas e limites pode transformar essa prática em um momento de prazer compartilhado, sem a necessidade de manipulações ou mentiras.

Os maiores mitos sobre sexo anal
- Sexo anal sempre machuca“O desconforto pode acontecer, mas não é inevitável. Com lubrificação adequada, preparação e comunicação entre os parceiros, a prática pode ser muito prazerosa”, explica a sexóloga Luciana Vilela.
- Só mulheres fazem sexo analO levantamento mostrou que muitos homens também gostam de ser penetrados. “Essa ideia de que sexo anal é exclusivamente feminino é antiquada e ignora a diversidade de prazeres dentro da sexualidade”, aponta Dr. Jairo Bouer.
- Sexo anal não precisa de proteçãoPode nao engravidar, mas ainda há o risco de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) é maior no sexo anal do que no vaginal, devido à fragilidade da região anal. O uso de preservativo é essencial para uma prática segura.
- Não precisa de preparação“O sexo anal requer relaxamento e, muitas vezes, um preparo prévio, como o uso de plugs anais para maior conforto”, explica Luciana Vilela.
Sobre o Ysos
O Ysos é um aplicativo que permite que casais e solteiros, amantes do sexo liberal e do swing, encontrem outros interessados nas práticas. Lançado em 2018 pelo Sexlog, maior rede social adulta do país, a plataforma está disponível para Android e iOS e pode ser baixada na Play Store e na App Store.
Sobre o Sexlog
Com mais de 21 milhões de usuários, o Sexlog é a maior rede social de sexo e swing do Brasil. A plataforma oferece um espaço seguro para a troca de mensagens, encontros e divulgação de eventos, conectando casais e solteiros que desejam explorar sua sexualidade de maneira livre e consensual.
