Onde mora o perigo? É na rejeição dos candidatos: 49%, Bolsonaro; 45%, Lula. Dos que pretendem votar no petista, 91% rejeitam Bolsonaro e 6% afirmam que “poderiam votar” no atual presidente. Entre os eleitores de Bolsonaro, 94% rejeitam Lula e apenas 4% dizem que “poderiam votar” no ex-presidente. A rejeição de Bolsonaro cai, a de Lula sobe.
Segundo o sociólogo Antônio Lavareda, responsável pela pesquisa, a vantagem do petista nos chamados votos válidos é irrelevante em termos de projeção do resultado, porque os 54% a 46% não levam em conta as escolhas de última hora e as abstenções, que sempre influenciam o resultado final.
Nesse aspecto, é mais seguro considerar os votos totais, que resulta num placar estreito de 51% a 47% dos votos, sendo 2% nulos e brancos, e 1% de não sabe e não respondeu.
DISPUTA SERÁ ACIRRADA – Em eleições anteriores, a vantagem petista no primeiro turno foi muito maior: 2002 (Lula 17%), 2006 (Lula 16%) e mesmo 2010 (Dilma 11%). Será uma disputa acirrada, como foi da eleição de Collor, em 1989, quando tinha apenas 5% de vantagem, e de Dilma, em 2014, quando era apenas de 2%.
Esses números merecem reflexões sobre a estratégia de Lula, que era franco favorito no primeiro turno. A campanha do “voto útil”, cujo objetivo era garantir a vitória do petista em 2 de outubro, esvaziou as candidaturas de terceira via, sobretudo a de Ciro. Mas bateu no teto da rejeição de Lula e provocou um efeito contrário: o voto útil de indecisos às vésperas da votação, que acabou reduzindo a distância para Bolsonaro.
Com isso, a disputa se tornou mais dramática no segundo turno, principalmente no Sudeste, onde o presidente foi vitorioso em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, enquanto Lula venceu apenas em Minas.