

A história de um dos confrontos mais emblemáticos da ditadura militar no Brasil chega às telonas com a estreia do longa-metragem A Batalha da Rua Maria Antônia, dirigido por Vera Egito. A produção retrata os violentos embates entre estudantes da USP e do Mackenzie, ocorridos nos dias 2 e 3 de outubro de 1968, marcando o embate entre aqueles que resistiam ao regime militar e seus apoiadores. O filme estreia nesta quinta-feira (27) em diversas cidades do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte e Salvador. Na véspera, o Cine Brasília recebe uma sessão especial seguida de debate com a equipe.
Inspirada na sua própria trajetória acadêmica na USP, Vera Egito começou a desenvolver o roteiro entre 2008 e 2009, intrigada pela força simbólica desse episódio. A diretora viu na batalha um reflexo das disputas ideológicas que marcam o Brasil até os dias de hoje. O filme mistura personagens fictícios e eventos reais para dar vida à história, acompanhando a jornada de Lilian, uma jovem que, em meio ao caos daquela noite, descobre seu papel político e afetivo.
Com reconhecimento internacional, o longa venceu prêmios como Melhor Filme na Première Brasil do Festival do Rio (2023) e Melhor Longa-Metragem de Ficção no Festival de Atlanta (2024). Filmado em 16mm, utilizando 21 planos-sequência, o projeto enfrentou desafios de produção ao longo de dez anos até conseguir financiamento, o que possibilitou que a diretora revisse e amadurecesse seu olhar sobre o tema.
Para especialistas, o filme tem um papel essencial na preservação da memória histórica. Sandra Lima, analista do Centro Maria Antônia da USP, destaca que a obra é uma ferramenta para que novas gerações compreendam a gravidade daquele período e a importância da democracia. O professor Hélio Nogueira da Cruz, que vivenciou os acontecimentos, reforça a necessidade de lembrar os horrores da repressão para evitar que se repitam.
A diretora enfatiza que falar sobre a ditadura é também falar sobre o presente, em um momento político em que grupos conservadores ainda tentam reescrever a história. Para ela, iniciativas como essa são fundamentais para que o Brasil possa amadurecer e compreender seu passado. A Batalha da Rua Maria Antônia não é apenas um filme histórico, mas um lembrete poderoso da luta pela liberdade e pela justiça social.
