Casas de repouso se consolidam como um segmento promissor no mercado imobiliário britânico, com a aposta do Goldman Sachs e de um grupo crescente de investidores na demanda por luxo na terceira idade. O banco americano está entre os investidores da Riverstone, uma incorporadora com 10 blocos de apartamentos chiques em construção para residentes de maior faixa etária em Londres. O Goldman Sachs planeja injetar 3 bilhões de libras esterlinas (US$ 3,5 bilhões) nos próximos cinco anos na empresa, que até agora completou dois projetos em Kensington e Fulham.
Martin Earp, que assumiu o posto de diretor-presidente da Riverstone em junho, disse que o complexo Kensington “rasga o livro de regras da aposentadoria”, com janelas do chão ao teto e uma varanda ou terraço em cada um dos 190 apartamentos, que podem custar aos aposentados ricos até 3 milhões de libras.
“Vemos uma transição distinta de comportamento em relação à aposentadoria da geração ‘baby boomer’ comparada à de seus pais”, disse Earp. “Temos pessoas que moraram em Londres a maior parte de suas vidas e querem continuar a desfrutar da fartura de comodidades à porta.”
Embora a maioria das moradias para aposentados no Reino Unido seja construída para locatários sociais, com o rápido envelhecimento da população há uma demanda crescente em muitos nichos do mercado, justo quando a escassez de oferta ajudou a elevar os preços dos imóveis em geral para níveis recordes.
Quase uma em cada cinco pessoas na Inglaterra e no País de Gales tem 65 anos ou mais, de acordo com dados do censo publicados no ano passado. Quase um em cada quatro estará neste grupo até 2043.
Um recorde de 2 bilhões de libras foi investido no Reino Unido em projetos para o segmento de idosos nos primeiros nove meses de 2022, e o total deve subir para 3 bilhões de libras até o fim do ano, de acordo com a corretora Knight Frank.
Isso representaria um aumento de 50% na taxa anual diante da crescente aposta de investidores como fundos de pensão e empresas de private equity, segundo relatório da Knight Frank publicado este mês.
Residentes de Kensington passam a ser sócios do Riverstone Club, que oferece acesso a instalações como spa, expresso bar, restaurante italiano e cinema privativo. Uma academia que monitora detalhes intrincados da saúde dos moradores também está disponível, bem como sensores e botões no nível do chão para alertar funcionários sobre emergências médicas.
“Esta é uma geração que inventou o termo ‘teenagers’, participou de festas no colégio e na universidade e conduziu a carreira de maneira diferente, mudando de emprego em vez de ter um trabalho para toda a vida”, acrescentou Earp. “Isso é o que já vimos na Austrália, nos EUA e no Canadá, onde comunidades integradas de aposentadoria formam uma proporção significativa de lares para pessoas com mais de 65 anos.”
Pensionistas no Reino Unido têm sido tradicionalmente mais relutantes em adotar esse estilo de vida. Questões como custo do condomínio e condições para o aluguel desses imóveis desencorajam algumas pessoas. No Riverstone, a taxa de adesão fixa para todos os tamanhos de apartamento custa a partir de 1.485 libras por mês.
E desafios econômicos do Reino Unido, impulsionados pelo avanço da inflação e crise global de energia, dificultam a obtenção de empréstimos, o que afetará o financiamento disponível para novos empreendimentos. A Knight Frank diz que isso pode pesar nos prazos de investimento previstos para o quarto trimestre de 2022.
Ainda assim, investidores com um horizonte de longo prazo percebem a inclinação demográfica para aposentados que precisam de acomodações adequadas. A Knight Frank entrevistou 54 instituições e descobriu que, enquanto apenas 31% estavam atualmente ativas no setor de habitação para idosos, 67% esperam estar ativas em cinco anos, o maior aumento projetado entre qualquer segmento na pesquisa.