Como prometemos, continuamos as avaliações políticas sobre as últimas eleições no Crajubar. Vamos neste momento analisar o pleito em Juazeiro do Norte:
Quando o prefeito Glêdson Bezerra havia concluído um ano de seu mandato me telefonou para indagar o seguinte: “Como fazer para me capacitar à reeleição em Juazeiro do Norte?” Havia o tabu que desde a implantação do instituo da reeleição em 1988 que nenhum prefeito teria conseguido emplacar um repeteco de mandato. Respondi-lhe que tratasse o dinheiro público com seriedade, não buscasse fazer caixa dois, distanciar-se o máximo dos vereadores envolvidos com práticas políticas viciadas e danosas ao município e buscasse realizar uma administração edificante, onde em cada lugar que chegasse na cidade possuísse uma ou mais obras para apresentar à população.
Não foi fácil colocar em prática essas máximas políticas e administrativas, pois o tecido político juazeirense estava todo manchado de velhas práticas que a velha guarda política teimava em não permitir desfazer. Mas o prefeito foi adiante, enfrentou ameaças de cassação, ganhou a antipatia da elite política carcomida de Juazeiro do Norte, foi traído por aliados fidagais, o senador e ministro Camilo Santana topou endossar a candidatura do parente Fernando Santana, que iniciou o alinhavar de sua candidatura a prefeito reunindo em torno de si justamente a banda podre da política juazeirense, aqueles que tanto Glêdson rejeitou e a população citadina demonstrava forte vontade de se ver livre. A conjugação com os vereadores que demonstravam pouco escrúpulo no tratar da coisa pública foi outro fator que ajudou a emperrar ainda mais o crescimento de uma proposta que viesse a encantar a população.
Pouco a pouco o cidadão romeiro foi encontrando a diferença entre o joio do trigo, dai foi crescendo uma corrente para frente em torno da reeleição do atual prefeito a ponto de deixar em desespero os seus opositores que passaram a adotar práticas políticas abomináveis, dentre elas, o jogo da perseguição política a todos os apoiadores do Glêdson Bezerra. E isso, convenhamos, é uma atitude reprovável em todos os aspetos nos tempos de hoje em que acreditamos ainda viver em uma democracia. Foi ai que começou a surgir um sentimento de repulsa no seio da população que foi crescendo e absorvendo cada vez mais gente.
Outro fator que contribuiu para desmantelar a candidatura do Fernando Santana foi a negação de vários tipos de serviços que dependiam da máquina estadual para serem tocados na cidade romeira durante a eleição, como nas áreas da educação, saúde, social, infra-estrutura e outros. Quando assim agiram, esqueceram os praticantes desse tipo de retaliação que estavam machucando não só o prefeito, mas todo o conjunto da população, principalmente os menos abonados da conjuntura econômica brasileira.
Existiu também a excelente performance do candidato Glêdson Bezerra nas mídias digitais, enquanto o opositor se mostrava pouco habilitado para proveito delas tirar. Temos também que ressaltar o destemor, a desenvoltura política e o carisma que o vencedor mostrou possuir. algo assim como que natural. A absoluta cresça em Deus e o fator família que muito preza e que é um tanto desprezado pela maioria dos seus opositores, isso também ajudou a fazer a diferença.
Enfim, Glêdson Bezerra venceu uma eleição em que a grande maioria acreditava ser pouco provável, mas como ele costumava dizer mais ou menos assim: “Tenha fé em Deus, tenha fé na vida. Tente outra vez! Você tem dois pés para cruzar a ponte. Nada acabou, não, não, não…Basta ser sincero e desejar profundo. Você será capaz de sacudir o mundo. Vai, tente outra vez, tente (tente) e não diga que a vitória está perdida. Se é de batalhas que se vive a vida. Tente outra vez” (royalties para o saudoso cantor Raul Seixas).
