No dia 12 de setembro do ano passado, quando ainda não se tinha ideia de quem ganharia a disputa pelo Governo do Estado do Ceará, escrevemos, neste espaço, que qualquer que fosse o resultado da eleição, Capitão Wagner e Roberto Cláudio sairiam da disputa vitoriosos. Hoje, aquele vaticínio é realidade. O deputado federal Capitão Wagner, cujo mandato termina no próximo dia 31, é o líder inconteste de uma parte da oposição. Roberto Cláudio, com ou sem o PDT, liderará a outra parte. Quem for mais competente superará o outro. Elmano, sendo o candidato natural à sua sucessão, embora Camilo Santana ainda possa sonhar em querer voltar ao Governo, terá como adversário Roberto e Wagner, em situação diferente daquela de 2022.
E a eleição para governador em 2026 apresentará realidade diferente exatamente pelo fato de Wagner ter eleitoralmente criado mais musculatura e Roberto Cláudio sem a traição de lideranças do seu partido, se ainda estiver no PDT, terá se acercado de contratempo. E, mesmo que Lula continue sendo o fenômeno que garantiu a eleição de Elmano, este, pelo desgaste natural de um Governo, com as dificuldades que ele experimentará ao longo dos próximos quatro anos, com uma eleição municipal no meio, em que as forças políticas aliadas tendem a se dividir, chegará menor na disputa. Roberto e Wagner, por serem relativamente muito jovens, com 48 e 44 anos, respectivamente, têm muito tempo para disputarem o Governo do Ceará.
Ambos podem até evitar a disputa com um candidato à reeleição, no caso de 2026, ainda assim estarão bem jovens na eleição de 2030. Amigos do Capitão Wagner o querem disputando um mandato no próximo pleito municipal de 2024. Roberto Cláudio já está decidido que não disputará votos no próximo ano, dedicando-se na campanha a apoiar candidatos a prefeito de sua relação política, em Fortaleza, com o prefeito José Sarto, e no Interior com filiados a vários partidos. Wagner tem amigos defendendo que ela seja vereador em Fortaleza, para eleger uma expressiva bancada de até 10 vereadores, fortalecendo sua candidatura a governador, e evitando o risco de sofrer uma nova derrota para a Prefeitura da Capital.
A alegação desses amigos de Wagner é que ele, com as votações expressivas que tem recebido em Fortaleza, pode somar até 150 mil votos como candidato a vereador. Confirmado este número, sozinho, já elegeria até seis vereadores. Com a soma de todos os votos dados aos outros candidatos do seu partido, uns quarenta concorrentes, ele poderia ser o líder da maior bancada na Câmara, com força para fazer a oposição que lhe garantiria bons espaços para candidaturas futuras em 2026 de governador ou senador (naquele ano serão eleitos dois senadores pelo Ceará). Como senador cresceriam mais ainda as chances de chegar ao Governo do Estado em 2030.
Se faz aqui, realmente, um exercício extenso de futurologia. Mas quem tem 44 anos em 2023, pensar em cargo majoritário de chefe de Executivo estadual daqui a sete anos, não está fazendo projeto de futuro distante. Só solidificando as suas bases pode chegar a 2026 ou a 2030 com perspectivas mais reais.