Pedro do Coutto
Na recente entrevista ao Wall Street Journal, transcrita pela Folha de S. Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro anunciou que em março retornará ao Brasil para assumir a liderança da oposição ao governo Lula da Silva, lance estratégico para, no ataque, tentar escapar das acusações que pesam sobre ele sobre ser o mentor, nem tanto oculto, da invasão de Brasília como parte de um esquema para um golpe de Estado no país.
Bolsonaro – revela a reportagem de Marianna Holanda e Matheus Teixeira, Folha de S. Paulo de domingo – responde a 28 processos na Justiça, dos quais 17 junto ao Supremo Tribunal Federal. Trata-se de um caso inédito de um ex-presidente da República quando deixa o poder responder a 28 processos na Justiça.
ESTRATÉGIA – O ex-presidente da República tinha a sua defesa a cargo da Advocacia-Geral da União. Mas como deixou a chefia do Executivo, resolveu substituir a AGU por advogados que ele escalou por conta própria. A inelegibilidade é do interesse de Boslonaro, claro. Pois seria uma perspectiva de fraqueza do governo temendo a sua força eleitoral.
É por isso que, no fundo, Bolsonaro deseja tal desfecho, usando como alegação a seu favor provar que o governo teme a sua presença no quadro político. A melhor solução para o governo Lula da Silva é que a inelegibilidade de Jair Bolsonaro não seja decretada até o seu julgamento definitivo pela Justiça do país. Há problemas ainda de reflexo militar que ele poderia usar através de inelegibilidade para contatos nas Forças Armadas. Quanto aos processos na Justiça, seguirão o seu curso.