Guilherme Mazui e Gustavo Garcia
g1 — Brasília
O presidente Jair Bolsonaro (PL) elogiou nesta terça-feira (4) o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, senador eleito pelo União Brasil no Paraná, e disse que o desentendimento que teve com o ex-juiz da Lava Jato está “superado”.
Antes da declaração de Bolsonaro, Sergio Moro anunciou apoio ao presidente no segundo turno da eleição presidencial.
INTERFERÊNCIA NA PF – Quando Bolsonaro assumiu o mandato em 2019, nomeou o ex-juiz da Lava Jato para ser ministro da Justiça. Em abril de 2020, Sergio Moro deixou o governo acusando o presidente de tentar interferir na Polícia Federal – instituição subordinada ao Ministério da Justiça (relembre a saída de Moro no vídeo abaixo).
Na ocasião, Bolsonaro acusou Moro de condicionar uma troca no comando da PF a uma indicação do ex-juiz a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta terça-feira, o candidato do PL à reeleição disse que conversou por telefone com Sergio Moro e disse ter “certeza de que Sergio Moro será um grande senador”.
ADMITINDO ERROS – “Olha só, todos nós evoluímos. Eu mesmo errei no passado em alguns pontos e a gente evolui para o bem do nosso Brasil. Eu não posso querer impor a minha agenda pessoal. O Cláudio Castro [governador reeleito do Rio] mesmo já interferiu em algum momento conversando como devia me reposicionar em algum momento. Então erramos, pedimos desculpas. Não temos compromisso com erro e nós vamos evoluir”, disse.
O presidente deu a declaração durante entrevista no Palácio do Planalto e também afirmou que quer ter “um novo relacionamento” com o ex-juiz.
“Tá superado tudo. E daqui pra frente é um novo relacionamento. Ele pensa, obviamente, no Brasil e quer fazer um bom trabalho para o seu país e para o seu estado. Então passado é do passado, não tem contas a ajustar. Nós temos é que, cada vez mais, nos entendermos pra melhor servimos a nossa pátria. Ele mesmo, quando chegou aqui, como ministro não tinha nenhuma experiência política”, declarou Bolsonaro.
NADA DESABONADOR – O candidato do PL disse ainda desconhecer algo que seja “desabonador” que o permita criticar Sergio Moro e o ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato Deltan Dallagnol. O ex-procurador foi eleito deputado federal pelo Paraná e também declarou apoio a Bolsonaro no segundo turno.
“Ele [Moro] mesmo, quando chegou aqui como ministro, não tinha nenhuma experiência política. Talvez isso tenha contribuído para alguns deslizes. Hoje em dia, o passado faz parte do passado. Não tenho nada desabonador para criticar o Sérgio Moro ou o Dallagnol, muito pelo contrário”, afirmou Bolsonaro.
Também nesta terça, o presidente Jair Bolsonaro recebeu o apoio do governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). O anúncio foi feito após reunião entre os dois no Palácio da Alvorada – residência oficial da Presidência da República em Brasília.
OUTROS APOIOS – Na sequência, o candidato do PL se reuniu com o governador reeleito do Rio, Cláudio Castro (PL) no Palácio do Planalto – sede do governo na capital federal. Castro reiterou apoio a Bolsonaro no segundo turno.
O candidato do PL, que diz acreditar na reeleição, afirmou também que teve conversas com outros governadores reeleitos – Ronaldo Caiado (União Brasil) em Goiás e Ratinho Junior (PSD) no Paraná – e que poderá se reunir nesta terça com o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), que ficou de fora do segundo turno da disputa no estado.
Bolsonaro disse ainda estar à disposição para conversar com ACM Neto (União Brasil), candidato que disputará o segundo turno da disputa estadual na Bahia contra o petista Jerônimo Rodrigues. O presidenciável do PL faz nesta terça a primeira viagem da retomada da campanha. Bolsonaro participará de dois encontros religiosos da igreja evangélica Assembleia de Deus na cidade de São Paulo.
NOTA DA REDAÇÃO DO SITE – Moro vinha sendo criticado por não saber agir como político. Agora, como agiu como político ao apoiar Bolsonaro como o “menos ruim”, vai continuar levando pancada do mesmo jeito, Porém, é preciso entender que Moro está certo. Político não pode ficar em cima do muro. É preciso tomar posição.