Coluna Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza
Faltam pouco mais de duas semanas para os brasileiros darem o voto definitivo à disputa presidencial. Pela importância do momento, crucial para definir os rumos do país pelos próximos anos – quiçá décadas —, era de se esperar que as campanhas dessem prioridade a temas relevantes, como geração de empregos, socorro à educação ou saídas para a crise fiscal.
O que se vê, no entanto, é a baixeza tomar conta das discussões políticas. A fim de conquistar o voto do eleitor, estrategistas de campanha e correligionários eleitos fazem uso massivo de golpes baixos. Acusações de satanismo e canibalismo; “luta espiritual” do bem contra o mal; vídeos e posts sobre a suposta orientação sexual de figuras públicas; reiterados ataques à imprensa. É extenso o repertório do submundo da política, coberto por um falso verniz de moralidade.
Eleições deveriam ser um instrumento para se buscar a evolução da democracia. A julgar o nível degradante do debate eleitoral, restará pouco a se celebrar no próximo dia 30, independentemente de quem sair vencedor das urnas.
Pugilato verbal
Deputados federais entre os mais votados do país, Nikolas Ferreira (PL-MG) e Guilherme Boulos (PSol-SP) protagonizaram um pugilato verbal em debate promovido pela CNN. Enquanto Nikolas chamou o parlamentar progressista e eleitor de Lula de “sem-teto com jatinho”, Boulos qualificou o bolsonarista de “cabeça oca”, com um “cérebro sem função social”.
Prévia
Tudo indica que o primeiro debate entre Lula e Bolsonaro neste segundo turno, transmitido pela Rede Bandeirantes no próximo domingo, manterá a toada da semana. O eleitor indeciso ou propenso a mudar de voto terá uma tarefa árdua. Dificilmente será possível extrair propostas para se decidir nas urnas.
Ruim, mas eu quero
Partidos que defendem punição aos institutos de pesquisa, com penas que chegam até 10 anos de prisão para os responsáveis, gastaram R$ 13,5 milhões por sondagens para entender o comportamento do eleitor durante a campanha deste ano Recursos do fundo eleitoral foram utilizados por PL, PP, União Brasil, PSC e Podemos. O levantamento considera gastos de partidos e candidatos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Repúdio
A Associação dos Juízes Federais de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Ajufesp), repudiou ontem, em nota, as propostas de aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal e de mudar a organização do Conselho Nacional de Justiça. Para a Ajufesp, o movimento tem o propósito de “colocar um freio na atuação do Poder Judiciário e formar uma Suprema Corte mais alinhada com o governo”. E ressalta que o “Judiciário livre e independente é a base da democracia”.
Dinheiro vivo
Na terça-feira, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) prenderam um homem que transportava R$ 2,5 milhões em espécie a bordo de um carro de passeio, com placa de Brasília. A apreensão ocorreu na rodovia Belém-Brasília, perto de Ulianópolis (PA). O homem foi detido por suspeita de lavagem de dinheiro, mas petistas suspeitam de compra de votos.