

Durante mais de sete décadas, o álcool foi um tabu absoluto nas areias douradas da Arábia Saudita. Agora, com um olhar fixo no futuro e os holofotes do mundo se voltando para o reino, esse cenário está prestes a mudar.
A partir de 2026, o país permitirá a venda e o consumo controlados de bebidas alcoólicas, uma mudança histórica que sinaliza o mais ambicioso esforço de modernização do país desde a fundação do Estado saudita em 1932. No epicentro dessa transformação está o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman e seu ambicioso plano Visão 2030, que visa transformar a Arábia Saudita em um centro econômico, turístico e cultural global.

Essa decisão estratégica surge enquanto o país se prepara para receber dois dos maiores eventos internacionais da próxima década: a Expo Mundial de 2030, que será realizada em Riad, e a Copa do Mundo da FIFA em 2034. Ambas as ocasiões exigem uma adaptação cultural e estrutural do reino para receber milhões de visitantes estrangeiros, muitos deles oriundos de culturas onde o álcool faz parte do cotidiano.
Grupos conservadores, influentes na sociedade saudita, alertam para o risco de erosão dos valores islâmicos. Já setores mais jovens e conectados às redes sociais encaram a medida com entusiasmo, como sinal de um país que finalmente se abre ao mundo. O desafio do governo será equilibrar tradição e transformação, sem alimentar tensões sociais que possam comprometer sua estabilidade política algo vital para a execução do ambicioso plano Vision 2030.
