O Globo
O presidente Jair Bolsonaro (PL) contrariou expectativas criadas pelas pesquisas, conteve a onda petista na reta final da campanha e chegou ao segundo turno em condições de medir forças com Lula da Silva (PT) para tentar eliminar a diferença de pouco mais de quatro pontos percentuais que o separou do ex-presidente na primeira etapa da eleição presidencial, marcada pela polarização.
Além disso, o primeiro titular do Planalto a buscar a reeleição sem figurar como favorito mostrou força ao eleger governadores em diferentes regiões e emplacar aliados estratégicos na Câmara e, sobretudo, no Senado.
Apesar de ter ficado em segundo lugar, Bolsonaro teve ontem um gosto de vitória, já que, na véspera, Datafolha e Ipec estimavam uma distância de 14 pontos entre ele e Lula. O resultado surpreendeu até o núcleo da campanha do presidente, cujas previsões mais otimistas apontavam que ele ficaria a seis pontos do petista.
DISSE BOLSONARO — “Eu entendo que tem muito voto que foi pela condição do povo brasileiro, que sentiu o aumento dos produtos. Em especial, da cesta básica. Entendo que há uma vontade de mudar por parte da população, mas tem certas mudanças que podem vir para pior” — disse ele ontem, em frente ao Palácio da Alvorada. — “Temos dados bastantes positivos. Em quatro semanas vai dar para explicar bem para a população o que aconteceu”.
Até o dia 30, em condições de igualdade na propaganda de rádio e TV, Bolsonaro precisará se equilibrar entre duas correntes de aliados que divergem sobre o melhor caminho para virar o jogo. A modulação entre a faceta beligerante do primeiro turno e a necessidade de demonstrar temperança tende a ser um dos maiores desafios da campanha bolsonarista daqui para frente.
A chamada ala ideológica, capitaneada pelo vereador licenciado Carlos Bolsonaro (Republicanos) e o ex-assessor da Presidência Felipe Martins, encoraja o presidente a partir para o ataque a Lula, sob o argumento de que funcionou no primeiro turno. Já o grupo político, formado por nomes do Centrão como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, tentam convencê-lo a investir numa versão mais amena de si próprio para conquistar o eleitorado de centro.
ARGUMENTOS – Bolsonaro indicou que pretende travar o debate da economia, cujas dificuldades atribui à pandemia e à guerra na Ucrânia. Também demonstrou que vai insistir em relacionar Lula a líderes de esquerda que governam países latino-americanos. Citou ontem Nicarágua, Venezuela, Argentina, Colômbia e Chile.
— Vamos agora mostrar melhor para a população brasileira, em especial a classe mais afetada, que é consequência da política do “fica em casa, a economia a gente vê depois”, de uma guerra lá fora, de uma crise ideológica também — disse Bolsonaro.
O presidente afirmou ainda que um dos focos da sua campanha no segundo turno será tentar recuperar votos em Minas e São Paulo, onde teve desempenho abaixo de 2018. “É essa votação perdida que vamos buscar recuperar nesses três estados que são os maiores colégios eleitorais do Brasil” — disse Bolsonaro.
NOTA DA REDAÇÃO DO SITE – Devido à atuação manipuladora das pesquisas, jamais contestadas pela mídia, o resultado surpreendeu a todos. Agora, no mano a mano, será uma nova eleição. Façam suas apostas.