O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez uma declaração que mais parece aviso de quem amigo é: o governo está sem rumo. Ele escolheu a plateia da Associação Comercial de São Paulo para lembrar ao presidente Lula que sua base de apoio no Congresso, além de insuficiente, está desarticulada, desarrumada, nem é capaz de aprovar um simples projeto que exige apena metade mais um dos votos. O aviso de Lira soou também como um “pedala”: é preciso olhar para frente.
Perda de tempo
Para Lira, o governo perde tempo precioso com a única estratégia de atacar Bolsonaro, prejudicando e atrasando a própria articulação política.
Ódio faz mal
As palavras de Lira foram interpretadas com o aviso de que o ódio deve ceder lugar à negociação, muita conversa, atributos que Lula negligencia.
Congresso é outro
“Não temos um rumo definido”, resumiu. Ele quis lembrar a Lula que os tempos são outros e o Congresso já não depende do “toma lá, dá cá”.
PEC, nem pensar
O governo não terá a mínima chance de alterar a Constituição, disse Lira, que exige quórum qualificado de dois terços (308 votos na Câmara).
O TEMPO DE BOLSONARO
Nas conversas reservadas do PL, esta semana, praticamente foi batido o martelo para que o ex-presidente Jair Bolsonaro só volte ao país quando Lula entrar em processo de desgaste. Os bolsonaristas acreditam que isso se dará lá para abril, depois dos simbólicos 100 dias de gestão.
Contagem regressiva
O ministro de Comunicações, Juscelino Filho, devolveu as diárias, mas não sanou a irritação de petistas com o fato de ter usado recursos públicos para ir a um leilão de cavalos, conforme mostrou reportagem d’O Estado de S.Paulo. Mesmo assim Lula não o demitiu. Canalhice total.
E o partido no meio
A ideia de alguns no PT é aproveitar o desgaste de Juscelino para cobrar fidelidade ao União Brasil. Se o ministro sair mais lá na frente, o partido poderá até indicar outro nome, mas terá que se mostrar aliado ao governo.
Até aqui…
A avaliação é de que o União Brasil está mais para oposição do que para governo. E nessa batida, corre o risco de perder o cargo ocupado por Juscelino.
O próximo alvo/ Até aqui, Juscelino é o único ministro sob fogo cruzado. Porém, há quem aposte que o ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez de Goes, pode terminar “na fila”. Ele é mais uma indicação do União Brasil.
Espere sentado/ Senhor do tempo em seu partido, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, vai esperar até o final deste ano para decidir quem será o candidato da legenda a prefeito de São Paulo. Isso significa que não atenderá ao ultimato do deputado Ricardo Salles (SP), ex-ministro de Meio Ambiente, para que essa decisão seja tomada até julho.
Cálculo político/ Experiente na matemática política, Valdemar tem dito a aliados que um bolsonarista raiz terá poucas chances entre os eleitores paulistanos. Jair Bolsonaro perdeu na cidade no ano passado — ele ganhou no estado. Por isso, a preços de hoje, será difícil Salles conseguir a candidatura pelo PL para enfrentar Guilherme Boulos (PSol-SP).
Nem vem/ Outro que pressiona por apoio é o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Valdemar participou de jantar com Nunes, em que se avaliou cenários eleitorais em São Paulo, mas não vai fechar desde já uma frente contra Boulos. Vai esperar decantar. Em politica, quem tem tempo, não tem pressa.