AVANÇO DO CENTRÃO NA MÁQUINA ESTATAL, TORNA SITUAÇÃO DE LULA DIFÍCIL E PREOCUPANTE

William Waack
Estadão

O Centrão é o principal fiador hoje do experimento brasileiro do semipresidencialismo com dois primeiros-ministros (os chefes das Casas Legislativas), que formalmente se instalou mais uma vez desde esta quarta-feira, dia 1º. Os avanços dos poderes do Legislativo sobre o Executivo, que se aceleraram ao longo de quase uma década, são apenas parte da explicação.

Os fatores “estruturais” são mais amplos e têm a ver com a falência dos partidos (no sentido que lhes deu a Constituição) e de um sistema de votação proporcional que garante a desproporção.

MOEDA DE TROCA – O Centrão é um amálgama de organizações privadas (apelidadas de partidos) cuja razão de existência é a captura de partes da máquina estatal transformadas em ferramentas para defesa de seus interesses.

Para efeitos práticos, o apertado resultado da eleição presidencial do ano passado fortaleceu esse formidável bloco abastecido constantemente com o que já não se pode mais chamar de “moeda de troca”.

Na verdade, essa incessante atividade é a essência da nossa política, conduzida por um conjunto de líderes partidários de escassa projeção nacional e interesses nacionais, mas forte peso regional.

SITUAÇÃO PREOCUPANTE – Para Lula e o PT, é uma situação difícil e preocupante. Não tanto pelas amarras impostas ao chefe do Executivo, apesar de a distribuição de cargos estratégicos ter ido para petistas. Nem pela necessidade de articular uma “maioria de governabilidade”, o mais fácil de ser obtido.

O problema central é interpretar a forte oposição social que os resultados das eleições, sobretudo no Legislativo, não diminuíram.

É o que ajuda a entender a relativa rapidez com que estão se dissipando os efeitos traumáticos da barbárie do 8 de janeiro – e que permite a dirigentes de várias agremiações, todas no Centrão, “justificar” (claro, sem justificar) o que aconteceu.

“LEVAR TUDO” – Nem Lula nem o PT estão conseguindo transformar o trauma de janeiro numa onda que sirva para encurralar o adversário político e solidificar uma “liderança” de amplas forças que genuinamente abominam os atos golpistas. Essa dificuldade é resultado, em parte, da leitura feita pelo novo presidente e seu velho estado-maior de que a vitória eleitoral lhes deu a condição de “levar tudo”.

Parecem estar assumindo que, mesmo com a força do Centrão, detêm mais poder político do que de fato possuem. Calcula-se também que provável inelegibilidade de Bolsonaro o neutralize “definitivamente”.

Embora o que talvez melhor explique a resiliência de um personagem com defeitos tão evidentes como os de Bolsonaro é o que tem sido tão difícil de reconhecer e aceitar para Lula e o PT: a oposição social que enfrentam.

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Um dia acordei para ‘jornalizar’ a vida com os meus leitores. Nesta época trabalhava no extinto jornal Tribuna do Ceará, de propriedade do saudoso empresário José Afonso Sancho. Daí me veio a ideia de criar o meu próprio site. O ponta pé inicial se deu com a criação do Caririnews, daí resolvi abolir este nome e torna-lo mais regional, foi então que surgiu O site “Caririeisso” e, desde lá, já se vão duas décadas. Bom saber que mesmo trabalhando para jornais famosos na época, não largava de lado o meu próprio meio de comunicação. Porém, em setembro de 2017 resolvi me dedicar apenas ao site “Caririeisso”, deixando de lado o jornal Diário do Nordeste, onde há sete anos escrevia uma coluna social…

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