Em países onde pessoas e leis são respeitadas, como Estados Unidos, um golpe de R$20 bilhões, como esse atribuído às Americanas, teria resultado em cadeia imediata e bloqueio de ativos dos responsáveis. No Brasil, ganham liminar que os protegem de ações dos que enganaram.
Com o pedido da Americanas, feito ontem, para entrar no regime de recuperação judicial, bancos credores podem ser obrigados a reservar em balanço pelo menos R$ 7 bilhões para cobrir o eventual risco de calote da varejista. De acordo com executivos do mercado financeiro, Bradesco, Santander, Itaú Unibanco, Safra, BTG Pactual e Banco do Brasil são, pela ordem, as instituições com os maiores volumes de empréstimos concedidos à companhia. O valor que cada banco emprestou varia, mas vai de cerca de R$ 5 bilhões, caso do Bradesco, a R$ 1,3 bilhão, como o BB.
O pedido de recuperação judicial foi feito junto ao juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. São R$ 43 bilhões em dívidas e o magistrado deu 48 horas para que a empresa apresente a lista completa de credores e o detalhamento da dívida — que veio à tona depois de um rombo contábil de R$ 20 bilhões.
A Americanas tem cerca de 16 mil credores, entre agentes financeiros, trabalhistas e fornecedores. A companhia afirmou que sua posição de caixa é de R$ 800 milhões, dos quais “parcela significativa” estava “injustificadamente indisponível para movimentação na data de ontem” — situação provocada pelo bloqueio de R$ 1,2 bilhão pelo BTG Pactual, e de R$ 470 milhões, pelo Bradesco.