Que o poder sobe à cabeça não é novidade para ninguém. Os romanos já sabiam disso e, na tentativa de minorar os efeitos da “hýbris”, cada vez que um general vitorioso desfilava em triunfo pela cidade eterna, punham um escravo em sua carruagem para cochichar-lhe “memento mori” ao pé do ouvido. “Memento mori” significa “lembra-te de que vais morrer”. Não sei se essa prática instilou humildade em algum césar, mas serve para fazer com que os romanos posem de povo sábio.
Um fenômeno tão ou mais intrigante do que a embriaguez do poder é o do desamparo a que ficam sujeitos aqueles que o perdem.
EXECUÇÃO SUMÁRIA – Nem sempre foi assim. Em tempos antigos, o soberano derrotado numa guerra não podia esperar algo diferente da execução sumária. Mas, desde que inventamos as democracias, cuja marca é a alternância do poder, vemos periodicamente legiões de governantes se convertendo em ex.
Se, em condições normais, já é psicologicamente desgastante constatar que o dom do mando se esvaiu e que supostos amigos desaparecem, esse processo tem que ser observado pela nova geração política do Crato.
CRATO
Tivemos aqui no passado(décadas de 40, 50, 60 e 70) o coronel Filemon Teles que dominava a cena por completo, foi prefeito do Crato, deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e chegou até a assumir o governo do Estado temporariamente. Era o dono do Crato, praticamente. Nem sequer deixou sucessor para continuar o seu legado. Pedro Felício Cavalcante neste tempo também teve a sua importância política no Crato, foi prefeito por duas vezes e possuía prestígio político a nível estadual, pois conseguiu eleger o genro Kleber Callou para a Assembleia Legislativa e emplacou o cunhado Wilson Gonçalves prefeito do Crato, depois na vice-governadoria do governador Parcifal Barroso, e dai em diante o homem foi embora, quando foi eleito e reeleito senador da República e depois ministro do Tribunal Federal de Recursos. Nem Pedro e nem Wilson deixaram sucessor.
Mais recente, ainda na década de 70, apareceram Humberto Macário, Ariovaldo Carvalho, e Walter Peixoto. Já na década de oitenta surgiram José Adega, Antonio Primo de Brito, Raimundo Bezerra, Moacir Siqueira, Samuel Araripe e Ronaldo Gomes de Matos. Todos saíram sem deixar sucessores políticos, alguns já morreram e outros estão vivenciando a estranha sensação de abandono político.
EM TEMPO: tivemos na política mais antiga as presenças de dois políticos que alcançaram o ápice do poder: Ossian Araripe(foi prefeito do Crato e deputado federal por várias legislaturas), Antonio Araripe(deputado federal prestigiadíssimo) e Derval Peixoto que foi vereador e deputado estadual.