Pedro do Coutto
Pesquisa do Datafolha revelou que 93%, maioria maciça do eleitorado brasileiro, repudia e condena os atos terroristas e de degradação praticados em Brasília. O governo assim tem o apoio quase total da opinião pública que ao mesmo tempo condena as depredações cujos autores tornaram-se um perigo para a sociedade brasileira. Nos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro participou anteontem da postagem de um vídeo na internet voltando a se manifestar contra as urnas eletrônicas.
Quanto à pesquisa do Datafolha, a reportagem é de Igor Gielow, Folha de S. Paulo desta quinta-feira. No O Globo, a reportagem é de Daniel Gullino. Gabriel Sabóia, Vinícius Grimberg e Ivan Martinez-Vargas. Quanto à postagem de Bolsonaro, a matéria no O Globo é de Daniel Gullino. Esta postagem está dando margem à considerações legais sobre a legitimidade da iniciativa do ex-presidente da República. Há juristas que consideram que ele pode ser incriminado.
DESGASTE – Mas temos que observar depois da tempestade de domingo, a posição do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Sofreu um desgaste natural em decorrência de sua omissão no domingo, quando deveria ter tomado a iniciativa e contactar imediatamente o QG do Exército em Brasília para que a força militar fosse proteger o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal da onda de depredações verificadas.
Sobre isso, o presidente Lula da Silva necessita acertar os ponteiros com a área militar de maneira bastante concreta, pois ficou no ar uma dúvida sobre o cumprimento constitucional de agir em defesa legítima dos poderes nacionais e dos prédios públicos que estavam sendo atacados. No O Globo de ontem, Jennifer Goulart, Sergio Roxo, Bruno Góis e Jussara Soares focalizaram muito bem o assunto.
Acentuam que Lula não pretende demitir o ministro da Defesa. Porém, só essa hipótese colocada já o enfraquece politicamente de forma constrangedora. Ele se omitiu e não tomou providências quando a situação exigia a sua presença e sua determinação para garantia da ordem e do patrimônio público.