Deu no Terra Brasil
Em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta quarta-feira (11), o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, afirmou que se enganou ao elogiar Alexandre de Moraes em 2017, quando foi escolhido para integrar a Suprema Corte.
“Ele realmente não vem contribuindo para a paz social. Não vou tecer considerações maiores, e olha que o conheço há muitos anos”, afirmou o ex-presidente do STF.
UM ERRO FEIO – “Na época da queda do avião em que faleceu o ministro Teori Zavascki, fui questionado por jornalistas quanto ao que se faria, como seria preenchida a cadeira, e disse que o presidente Michel Temer tinha um homem talhado para a cadeira: foi professor universitário, foi do Ministério Público, foi secretário de Segurança Pública do prefeito Kassab e do governador Geraldo Alckmin, ministro da Justiça. Vejo que errei redondamente”, afirmou Marco Aurélio na entrevista.
O ministro aposentado passou também à revista Oeste suas impressões depois das manifestações que terminaram em atos de vandalismo na capital federal no último domingo, 8.
Para ele, os atos de vandalismo não podem ser respondidos pelas autoridades sem serenidade: “No domingo ocorreu o inimaginável, com depredação de prédios públicos. É hora de temperança, de compreensão, de ouvir e refletir. O entendimento é a melhor forma de afastar conflitos de interesse”.
VÁRIOS FATORES – Marco Aurélio Mello enfatiza que os episódios são uma espécie de contingência de vários fatores e atores, e que o foco hoje deveria estar na restauração dos direitos no Brasil: “Aqueles que claudicaram devem sopesar os acontecimentos. Os agentes públicos, dos Três Poderes da República — Legislativo, Executivo e Judiciário — devem examinar atos praticados, fazendo-o sem arrogância, voltando os olhos ao bem comum. Que prevaleça a ordem jurídica. Paga-se um preço por viver em um Estado de Direito, e é módico — o respeito às regras legais e constitucionais”.
O ex-ministro ainda destacou que o extremismo que assustou a todos não surgiu do nada, e sim como uma reação violenta à desordem institucional: “Já diziam os antigos que nada surge sem uma causa. Chegou-se, em termos de reação, ao extremo, e isso não é bom para a República. Quem claudicou na arte de proceder, sabendo-se que o exemplo vem de cima? Eis a indagação a ser feita.”
“FIM DO MUNDO” – O ex-presidente do STF Marco Aurélio Mello recentemente classificou o Inquérito 4.871 (das fake news) de “inquérito do fim do mundo”. O inquérito aberto de ofício, sem participação do Ministério Público, é criticado como inconstitucional e contrário à democracia, sem que sua suposta legalidade tenha sido até hoje provada.
Marco Aurélio Mello também considerou “agressivo” o discurso de Alexandre de Moraes, ao tomar posse como presidente do TSE, além de afirmar que temia “tempestade” em sua atuação na Corte eleitoral.
Em entrevista de abril do ano passado, ele comentou a postura de Moraes: “Ele [Moraes] está se aproximando de colocar a estrela no peito e o revólver na cintura. Ou seja, a atuação como xerife”.
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Já dissemos várias vezes que Marco Aurélio Mello não é flor que se cheira, cometeu muitos erros no Supremo, mas também demonstra um lado bom, como todos nós. Sobre o ministro Alexandre de Moraes e o Inquérito do Fim do Mundo, não há dúvida de que ele fala algumas verdades contundentes, que muitos não querem ver.