O PT está sem dúvida alguma, penso, atrapalhando a articulação do presidente eleito, Lula da Silva, ao fazer exigências a respeito de cargos no próximo governo. Invés de facilitar a tarefa de seu líder, dificulta. A legenda busca ocupações cada vez maiores em ministérios e cargos importantes quando deveriam os seus dirigentes agir em sentido contrário para libertar Lula de junções difíceis de contornar.
Idiana Tomazelli e Alexa Salomão, na Folha de S. Paulo, focalizam que Lula empenhou-se pela aprovação da PEC do Orçamento que exige três quintos dos votos do Congresso no momento e que articula a formação do seu governo e a escalação da sua equipe. A convergência das datas dificultou a sua tarefa, pois ficou prisioneiro da PEC do Orçamento e, por essa ser decisiva para a sua administração, as exigências de apoio do Congresso, sobretudo as do deputado Arthur Lira, cresceram. O adiamento da votação na Câmara para esta semana foi um exemplo. O poder de troca que caracteriza os relacionamentos do Centrão aumentou.
Lula empenhando-se demais pela PEC do Orçamento, um problema que ele poderia resolver por Medida Provisória no início de janeiro, tentou se antecipar. Bastava esperar a nova alvorada que começa em janeiro com o seu terceiro mandato na Presidência da República.