Pedro do Coutto
O título está totalmente inspirado na coluna de Nelson Rodrigues em O Globo sobre futebol, “À sombra das chuteiras imortais”. Logo após a partida em que a Croácia derrotou Marrocos, a Sport TV noticiou que a Fifa está preparando um documentário sobre o futebol através do tempo, esse esporte fascinante que reúne multidões em delírio e representa, sem dúvida, o maior espetáculo da Terra.
Ontem, tivemos a final da 22ª Copa do Mundo, com o tricampeonato da Argentina, e olhando para o passado verificamos a diversidade de estilos e de táticas que se sucederam ao longo de grandes decisões e que novamente se expuseram ontem nos gramados do Catar.
ESTILOS – No Brasil, a partir da década de 40, havia dois estilos definidos , mas que se assemelhavam muito entre si; a diagonal de Flávio Costa e o WM de Gentil Cardoso. A diferença estava na zaga. Nenhuma das duas prevaleceu e surgiu logo a figura do zagueiro central e o problema passou a ser outro.
Passou a ser, a partir de Zezé Moreira, no Botafogo em 1948, e no Fluminense em 1952, a marcação por zona. Isso evitava o deslocamento de jogadores mais pesados de defesa atrás daqueles que eram encarregados de marcar. A marcação passou a ser um conjunto e foi o primeiro passo para uma modificação na estrutura das partidas. O meio campo que antes era só voltado para o ataque, passou a ter uma ação defensiva também. O esforço dos jogadores aumentou.
As modificações se sucederam com a preocupação defensiva, afinal futebol não vence somente no ataque. Perdemos muitos jogos para a Argentina naquele tempo, na Copa Roca, de dois em dois anos. Argentina era nossa grande rival. A Taça Roca era um acontecimento. A cada dois anos no Brasil e depois em Buenos Aires. Com o Uruguai disputávamos a Copa Rio Branco. Na Europa também começaram a evoluir. Surgiu um time fantástico em 1954 com a seleção húngara, mas que do meio para trás tinha vulnerabilidades. Esse foi o panorama que testemunhei.