Pedro do Coutto
Foi sem dúvida espetacular a atuação do time brasileiro na vitória de 4 a 1 sobre a Coreia do Sul. Encheu os olhos e emocionou o país em função da beleza dos lances e dos gols marcados. Todo o Brasil comemorou com entusiasmo e o esporte reacendeu o amor e o orgulho da população. Mas, sem ser pessimista, pelo contrário, temos que ser realistas e concordar que o time coreano jogou aberto, procurando o ataque sem se amarrar na defesa.
Jogando aberto contra o Brasil, a seleção de ouro que tem na bagagem histórica cinco títulos mundiais, encontrou-se à vontade para atacar ao mesmo tempo que o setor defensivo. Tocava mais rapidamente a bola para o meio campo e o meio campo para a ofensiva brasileira. Temos agora pela frente, na sexta-feira, a Croácia que venceu o Japão nos pênaltis após uma partida difícil que se prolongou por 120 minutos.
MOBILIZAÇÃO – O que temos que observar e, sobretudo, o treinador Tite, é que nos defrontaremos não apenas com equipes mais fortes do que a da Coreia, mas com o fechamento das defesas adversárias e o combate à nossa seleção a partir do meio campo. Provavelmente, o objetivo das seleções que teremos pela frente será baseado na tentativa de encurtar o nosso espaço, mobilizando mais jogadores em um esforço de reduzir a abertura para os nossos lances.
Não devemos ter euforia demasiada, mas confiar em nosso desempenho com base no princípio eterno de que o jogo se vence no gramado. Ninguém ganha na véspera. Vamos em frente e torcer firmemente pela conquista mais uma vez consagradora do hexacampeonato.
HOMENAGEM A PELÉ – Foi uma bela homenagem que a seleção brasileira prestou a Pelé, internado em um hospital de São Paulo, lutando pela sua saúde e pela sua vida. Queira Deus que ele possa retornar ao universo das emoções não só lembrando o passado e sua condição da personalidade mais conhecida e cultuada do mundo.
Afinal, ele é o rei do futebol. Entretanto, deixando de lado a saúde do super craque e relendo a história do futebol e das Copas, os brasileiros não devem esquecer de Garrincha. Em 1958, na passagem da classificação para a fase decisiva, houve quatro substituições na seleção. Pelé entrou no lugar de Dida, Garrincha substituiu Joel, Vavá entrou no lugar de Mazzola e Didi ocupou o espaço de Dino Sani no meio-campo.
FUTEBOL CHAPLINIANO – A entrada de Garrincha foi fundamental. Ele, com o seu futebol chapliniano, na bela classificação de Armando Nogueira, abriu as defesas adversárias e descortinou uma nova era para o futebol brasileiro. Isso em 1958. Em 1962, quatro anos depois, com Pelé afastado por uma distensão muscular, Garrincha foi essencial para a vitória.
Fez gol até de cabeça. Reconhecimento e glória eterna ao ponta-direita que proporcionou ao povo brasileiro a emoção de duas conquistas inéditas no universo dessa paixão chamada futebol. As imagens tanto de Pelé, quanto de Garrincha, devem ficar para sempre na memória dos que assistiram aos jogos e os que os conhecem pelos arquivos da televisão e do cinema.