Pedro do Coutto
Já que o presidente Jair Bolsonaro nunca cogitou transmitir a faixa de presidente a Lula da Silva, eleito em outubro, e o vice-presidente, Hamilton Mourão, já afirmou que também não deseja fazê-lo, a melhor solução para a solenidade é a que foi proposta pelo jornalista Elio Gaspari nas edições de ontem de O Globo e da Folha de S. Paulo, que é a de transferir a missão à presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Rosa Weber.
O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, não deve desempenhar a tarefa pelo simples fato de ter que presidir a sessão que receberá o juramento constitucional de Lula da Silva. O presidente da Câmara, Arthur Lira, também não poderá fazê-lo porque estará na sessão do Congresso também à espera do novo presidente da República.
PLURALIDADE – Gaspari comenta que um grupo do PT pensou na possibilidade de representantes da sociedade civil transmitirem o símbolo da Presidência da República. Mas seria inadequado estabelecer uma pluralidade de pessoas para uma solenidade. Superado o problema da faixa, passemos ao problema da transição difícil por vários motivos.
O primeiro seria por faltar dados do governo que termina o seu período. O próprio Elio Gaspari cita que o país deve US$ 84,5 milhões de pagamentos não feitos à ONU. Caso não pague até o final de dezembro, perde o direito de voto no plenário da organização. Uma vergonha tremenda.
NÚMERO EXCESSIVO – A transição é dificultada também pelo número excessivo de pessoas nas equipes do lado vencedor. Geraldo Alckmin nomeou integrantes demais e estabeleceu-se uma confusão entre o que é transição e o que é planejamento para o próximo período administrativo. Mas isso é o de menos.
A dificuldade maior está refletida em um artigo de Miriam Leitão no O Globo deste domingo, sobre os problemas existentes criados pelo governo Bolsonaro. Não há, a rigor, um setor que tenha estado imune aos descalabros desta gestão. Além disso, vale acentuar, que Jair Bolsonaro deixa o Planalto sem deixar o projeto definido de desenvolvimento social. Uma vergonha cujas consequências se espalham pelas mais diversas áreas.