Carlos Newton
É a eleição mais maluca já realizada. Tirando os fanáticos de lado a lado, que consideram Lula a alma viva mais honesta deste país ou acham que Bolsonaro é o mito da eficiência e da solidariedade humana, o resto da população brasileira irá às urnas no dia 30 e votará tapando o nariz. Não estará sendo decidido quem é o menos ruim ou menos ameaçador à democracia. Na verdade, a eleição polarizada funciona como discussão de futebol, ou seja, sem lógica, sem racionalidade e sem noção.
Mas a culpa desta situação sinistra e preocupante é da própria classe política. Desde que Lula recuperou ilegalmente seus direitos políticos, em 2021, devido àquela suprema jogada na qual o ministro Edson Fachin alegou que o CEP da Vara Criminal estava equivocado, pois Lula morava em Brasília e não podia ser julgado em Curitiba, já era sabido que haveria polarização.
ASCENSÃO DE BOLSONARO – Desde 2013 também era evidente o sentimento antipetista que sufocava a maioria silenciosa da população, que começou a sair às ruas para protestar. Bolsonaro sentiu que pintara um clima, ganhou apoio decisivo do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, com respaldo do Alto Comando, e saiu em campo em 2017, iniciando uma campanha pioneira de caráter nacional.
Com a prisão de Lula, a situação ficou muito mais fácil e Bolsonaro virou presidente, bafejado pela sorte, pela facada e pela saudade de algumas realizações dos governos militares, no sentimento da maioria silenciosa.
Quatro anos depois, a polarização continua e a única mudança é a presença de Lula na disputa, mas agora em outras condições, já com as nove digitais impressas na sua ficha suja, e as mãos manchadas pela corrupção e lavagem de dinheiro.
CULPA DOS POLÍTICOS – Se vamos ter de optar entre Lula e Bolsonaro no segundo turno, repita-se, a culpa é exclusivamente dos outros presidenciáveis. Havia mais de dez candidatos alternativos. Era preciso escolher apenas um deles e unir todas as correntes, mas a vaidade e o egoísmo falaram mais alto.
Não houve coalizão da terceira via, a polarização prevaleceu e agora podemos repetir a boa tirada do ministro Gilmar Mendes: “A urna é boa, porém mal-frequentada”.
Quem vai ganhar? Na minha visão, Bolsonaro conseguirá derrotar Lula, caso se saia bem no último debate.
ANTIPETISMO – Como diziam os anúncios fúnebres de antigamente, cumprimos o doloroso dever de informar que o sentimento antipetista ainda não morreu nem vai morrer tão cedo. Este é o motivo, a meu ver.
A maioria silenciosa está pronta para reeleger Bolsonaro. O ex-ídolo Lula, que diz agora ser “um socialista refinado”, tornou-se uma figura caricata de si mesmo, verdadeiramente patético.
Quanto a Bolsonaro, é aquele mesmo cara bronco, em nada refinado, que come pastel com caldo de cana, frango com farofa, se acha espirituoso e gosta de fazer piadas politicamente incorretas. Ou seja, é igual à maioria dos brasileiros.
P.S. – Posso estar errado, é claro, mas me limito a refletir o que sinto nas ruas, em conversas com brasileiros de todas as classes sociais. Se eu estiver errado e Lula ganhar, espero que tire bom proveito e tente corrigir os múltiplos erros que cometeu em seu passado de alma mais honesta deste país, que foi capaz de criar um cargo público de alto salário e uma custosa mordomia para satisfazer a amante, que gostava de viajar com ele para o exterior, lembram? E haja coração!