

Oficial de Justiça Helena Chagas
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu, na manhã da última quarta-feira (23), a visita de uma oficial de Justiça que lhe entregou documentos relativos à ação penal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), na qual ele é acusado pela Procuradoria-Geral da República de tentativa de golpe de Estado. A entrega ocorreu no hospital onde Bolsonaro está internado há mais de uma semana, em Brasília, e provocou reações exaltadas de aliados. O caso é relatado pelo ministro Alexandre de Moraes.
A jornalista Helena Chagas comentou o episódio nas redes sociais, defendendo a legalidade da intimação e criticando a postura do ex-presidente. “Bolsonaro e cia se vitimizando porque foi notificado por uma oficial de Justiça na UTI. Por mais inusitado que pareça, o STF fez a coisa certa”, escreveu.
Chagas destacou que o próprio Bolsonaro, mesmo hospitalizado, participou de uma live e concedeu entrevista recentemente, o que, para ela, contradiz a alegação de que ele não poderia ser intimado. “Se o ex-presidente, na véspera, participou de uma live com os filhos para vender capacetes (?), e se deu uma entrevista na antevéspera — do leito da UTI — por que não poderia receber uma intimação?”A jornalista também apontou o que considera ser uma manobra deliberada para atrasar o andamento do processo.
“Independentemente de ter, de fato, sofrido uma cirurgia delicada, vai ficando claro que Bolsonaro pretende usar isso p/ se colocar como vítima e retardar o processo”, avaliou. Segundo ela, o calendário jurídico já é apertado, e um eventual adiamento poderia ter consequências diretas sobre a elegibilidade de Bolsonaro. “É bom lembrar que os prazos já estão apertados para um julgamento este ano — e uma protelação para 2026 pode inviabilizá-lo antes da eleição.
”A entrega da intimação judicial, autorizada pelo STF, gerou tensão no hospital, com aliados de Bolsonaro tentando impedir o acesso da servidora do Judiciário. Mesmo assim, o ex-presidente assinou os documentos, cumprindo a determinação judicial. O episódio evidencia mais um capítulo da disputa entre Bolsonaro e o Judiciário, em um momento em que o ex-presidente está cada vez mais pressionado pelos desdobramentos das investigações sobre sua conduta durante e após o mandato.