
MARCOS PEIXOTO

Uma coisa o cara tem que colocar na cabeça. O prefeito reeleito não é obrigado a continuar com a equipe que vinha lhe assessorando nos seus quatro primeiros anos de mandato. Claro que terá que observar o tamanho do engessamento político que teve que se submeter para formar a corrente para frente para que seu objetivo de um repeteco de mandato se consumasse. Mas nada de querer impor que o alcaide continue com os mesmos que com ele começaram a façanha de tomada de poder. Conheço casos em que o reeleito se submeteu ou outro que se achou empoderado, dai que continuou tudo sem mudanças como no quartel de Abrantes. Os resultados foram catastróficos nos dois casos, pois quando chegou a hora da onça beber água, ou seja, o momento das sucessões após oito anos de poderio, não conseguiram emplacar os seus sucessores e seus projetos políticos foram para o beleléu.

Temos também os exemplos daqueles que conseguiram suceder prefeitos com oito anos de mandatos consecutivos. Alguns chagaram lá por obra e graça dos seus criadores, transformaram-se em paus mandados de seus padrinhos políticos. Na formação da assessoria não tiveram condições e força política para indicar um só assessor, tiveram que se contentar apenas em ter para ele a primeira dama dos seus municípios que hoje em dia funcionam quase que como figuras decorativas ao lado dos maridões prefeitos. Muitos se conformaram e foram até o fim atuando como sabujos dos poderosos, os que se rebelaram quase todos morreram na praia.

Ex-governador Gonzaga Mota
Tem um caso pontual que foge da esfera municipal para a estadual e quase deu certo. Falo da indicação do economista Luiz Gonzaga da Fonseca Mota para governador do Ceará em 1982, eleito com os apoios dos coronéis Adauto Bezerra, César Cals e Virgílio Távora, que assinaram, em março de 1982, o Acordo dos Coronéis ou Acordo de Brasília, com os quais Gonzaga romperia em seguida. Naquele tempo fizeram muita galhofa com o então governador, pois diziam que dentro do acordo dos coronéis da política cearense para ele havia ficado apenas a indicação da primeira dama, ou melhor, indicação não, pois essa função é direito natural do governador, prefeito ou presidente da República. Estava tudo muito bom, bom! Estava tudo muito bem, bem! Mas realmente, mas realmente o governador dos coronéis se rebelou e se aliou aos fundadores do Movimento Diretas Já que culminou na Aliança Democrática que elegeu no Colégio Eleitoral o político mineiro Tancredo Neves para presidente da República que faleceu antes mesmo de assumir as rédeas do poder. Assumiu então o seu vice-presidente José Sarney que demonstrou simpatias pelo projeto político do empresário Tasso Jereissati que findou sendo eleito governador do Ceará e dando aquele chutaço em seu criador Gonzaga Mota. O resto dessa história muitos já sabem e quem não sabe busque no google que encontrará informações mais completas.
E assim este colunista finaliza este artigo para bem exemplificar como funciona a política no Brasil. Não adianta querer fugir do trivial, da liturgia política que cerca o poder de mando no Brasil brasileiro, terra de samba e pandeiros. Sendo assim, estamos para lá de conversados. SORRY PERIFERIA POLÍTICA!!!!
